quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Movimento Estudantil - Por que é preciso adiar a eleição para o DCE Livre da USP - 15/11/2011

Por que é preciso adiar a eleição para o DCE Livre da USP
A eleição para o DCE livre da USP foi marcada para ocorrer no fim de novembro, no entanto, está em total contradição com a mobilização estudantil e por isso deve ser adiada

15 de novembro de 2011

As eleições para o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da USP estão previstas para ocorrer entre os dias 22 e 24 de novembro. Será, portanto, inevitavelmente, uma eleição-relâmpago. Isso não é surpresa para os estudantes, que todo ano são pegos de surpresa pelas urnas nas suas unidades. A cada ano as eleições têm menos tempo de campanha, menos debates e são mais visivelmente manipuladas. Esse ano, por exemplo, não há nenhuma divulgação da eleição, nem no próprio site do DCE.
Mas o caso dessa eleição é particularmente grave, pois está marcada para ocorrer em meio a uma das maiores mobilizações estudantis dos últimos anos: o enorme movimento contra a presença da Polícia Militar no campus, que ganhou maior amplitude com a invasão da reitoria pela PM, com a prisão dos 73 estudantes e a deflagração de uma enorme greve estudantil que expandiu a mobilização para milhares de estudantes dos mais diversos campi.
Não apenas essa é uma das maiores mobilizações da década, como também uma das mais combatidas pela imprensa capitalista, a serviço do governo do Estado e da reitoria. Sendo assim, essa imprensa capitalista, em especial a revista Veja e o jornal O Estado de S. Paulo, tem procurado intervir nas eleições estudantis, fazendo uma campanha aberta em favor da chapa da direita, que além da imprensa venal conta com o apoio da própria reitoria e do governo do Estado. É preciso dizer que essa chapa não é parte do movimento estudantil, mas da ofensiva desses setores contra o movimento.

Não à eleição-relâmpago: os estudantes precisam debater as questões

Um ponto muito grave é o fato de as eleições serem feitas em tempo recorde, sem deixar aos estudantes sequer tempo para conhecer as chapas concorrentes. Isso também não é novidade, mas se torna particularmente grave nesse momento. A eleição foi marcada para ocorrer dentro de apenas nove dias, sendo entrecortada por um feriado prolongado. Além disso, cinco desses nove dias foram totalmente tomados pela mobilização contra a PM e nem poderia ser de outra maneira.
Esse fato coloca claramente a impossibilidade de se realizar as eleições na data anteriormente prevista.
Em primeiro lugar porque não se pode colocar a eleição na frente da mobilização. A greve está forte e suas reivindicações são de extrema importância. É uma greve contra a polícia, contra os processos abertos pela reitoria, contra o próprio Reitor, João Grandino Rodas, e agora também em defesa dos 73 presos no movimento de ocupação da reitoria. Acabar com ela agora seria de uma traição sem tamanho, como também seria deixa-la de lado para se dedicar às eleições estudantis.
Em segundo lugar, justamente diante de tudo que está ocorrendo na USP, as eleições precisam ser realizadas com um tempo muito maior de campanha, que dê oportunidade a todas as chapas de exporem seus programas, debaterem com os estudantes e dar aos próprios estudantes a oportunidade de conhecer as chapas e não apenas ir votar puxado pelo braço, como normalmente ocorre nestas eleições.

Não permitir a discussão significa entregar a eleição para a direita

Outra questão que é importante levar em conta é que, embora as chapas não teriam tempo de discutir com os estudantes, a imprensa capitalista sim teve tempo de fazer uma enorme campanha, mas contra o movimento, a favor da PM e de Rodas.
Não permitir que todas as chapas se coloquem e estabeleçam um amplo debate entre os estudantes significa deixar reinar as opiniões da imprensa capitalista marteladas todos os dias pela reitoria, pelas emissoras de televisão e rádio, pelos jornais, revistas etc.
Ademais, essa imprensa já saiu abertamente em defesa da chapa de direita, como se esta, que sequer participa de assembleias, fosse a verdadeira representante dos estudantes.
Todo o circo está sendo montado para que essa chapa seja a vencedora e a realização de eleições a toque de caixa apenas a beneficiará.
Mas é preciso deixar claro que essa vitória só é possível, e até mesmo provável, porque o DCE há anos vem realizando eleições que se baseiam não na base dos estudantes, mas no movimento de um aparato.
São eleições que não expressam a opinião e vontade dos estudantes, mas que se opõem a ela. É um esquema, baseado em parte nos professores, em parte em estudantes que “puxam votos”, das mais diversas maneiras imagináveis. Com a democracia nas eleições totalmente suprimida, pois quase não há debates, o tempo de campanha é escasso, as urnas só abrem quando é de interesse da chapa que a controla e os votos do interior chegam na capital completamente fraudados, como já relataram vários estudantes.
Trata-se de um esquema, não de um movimento real e esse jogo ninguém joga melhor do que a própria direita, que tem a seu favor todo o aparato burocrático da universidade.

A tarefa do momento é ampliar a greve. Por isso, adiar as eleições!

Não é hora de os estudantes pensarem nas eleições estudantis. É o momento sim de organizar, ampliar e fortalecer a greve, fazendo agitação nos campi, esclarecendo o conjunto dos estudantes por que a PM está no campus, ou seja, para reprimir e garantir a privatização, não a segurança.
As energias dos estudantes devem estar voltadas para isso, pois uma vitória nesse momento é muito importante: pode significar a derrota de um amplo plano da direita para destruir de vez o ensino público brasileiro. E isso está muito acima de qualquer eleição.
Por isso, os estudantes devem votar na próxima assembleia geral pelo adiamento das eleições. Que ela seja realizada em 2012, com pelo menos dois meses de campanha.
No último congresso estudantil, boicotado por grande parte do movimento, o Psol aprovou que a o adiamento das eleições só pode ser votada pelo Conselho de Centros Acadêmicos (CCA). Essa resolução não pode ser respeitada, pois significa que a reunião de algumas entidades, eleitas sobre a base antidemocrática citada acima, podem decidir no lugar do conjunto dos estudantes da USP. Significa passar por cima da tradição histórica de que a ASSEMBLEIA GERAL É SOBERANA.
As eleições devem ser realizadas de forma democrática ou serão uma farsa. As eleições realizadas no feriado darão vitória à direita. Colocar-se a favor de que elas ocorram dessa maneira significa entregar o DCE de bandeja para a direita.


Nenhum comentário:

Ainda há esperança. Que venham os futuros líderes deste país...

Jovens querem ser políticos

USP LESTE - EACH

Vídeo institucional da EACH parte 1.

Vídeo institucional da EACH parte 2.

Opiniões sobre o ciclo básico da EACH. 1

Opiniões sobre o ciclo básico da EACH. 2