quinta-feira, 25 de junho de 2009

RESENHA: “O POPULISMO NA POLÍTICA BRASILEIRA.” Francisco Corrêa Weffort.


Nome: Flávia Collaço.

Profa: Marta Assumpção.

Trata-se de 3 capítulos de um livro que descreve as diferentes fases e atuações da massa populacional nos regimes ditatoriais: populismo e nacionalismo.

Para o autor segundo meu entendimento, ambos os regimes não aconteceram em acordo, um seria o oposto ao outro.O populismo seria a falta de uma ideologia, já o nacionalismo seria em si próprio algo ideológico, pois segundo o autor, no populismo “...as massas se orientam por pessoas e não por idéias.”

Foi de difícil compreensão boa parte do texto, pois parece que o autor entra em contradição com suas idéias o tempo todo, além de entrar em choque também com os meus conceitos do que seriam tais regimes, do que eles representavam e como se deu a atuação das massas quando ocorreram.

Assim como inúmeros outros intelectuais que escrevem acerca da política no Brasil, Corrêa também afirma que aqui, mais que em qualquer outro lugar, existiu uma união de forças entre elites para a não existência da participação popular na política, o que da a entender que existiu(te), uma elite organizada muito forte e conservadora. “ Por força da clássica antecipação das “elites”, as massas populares permaneceram neste período( e permanecem ainda nos dias atuais) o parceiro-fantasma no jogo político. Foram a grande força que nunca chegou a participar diretamente dos grandes embates, sempre resolvidos entre quadros políticos dos grupos dominantes, alguns dos quais reivindicando para si a interpretação legitima dos interesses populares.”. A partir da análise desses conceitos impostos no início do texto, fica difícil para o entendimento, a razão de o autor achar que a pressão da população em um populismo, teve tanta expressão assim pois fica claro ao meu ver, que a única razão para os populistas se mobilizarem para mudar algumas coisas em prol da população, foi para que não ocorresse a tão falada mobilização ou organização das massas. Ou seja , antes que a população fizesse sua reivindicação, o Estado lhes cederia alguns direitos. Dessa forma eles continuariam sem participar da vida política .

Para mim isso nada tem de inovador nem de participativo em relação as massas, muito menos constitui uma sociedade cidadã. “De fato, o que essa relação paternalista entre líder e massas contem, de essencial, do ponto de vista político, é apesar da típica assimetria de todo paternalismo, o reconhecimento da cidadania das massas ...(?)”.

Faço essa objeção pois durante o texto o autor afirma que os políticos queriam sim maior participação populacional, e afirma também ter sido essa “forte” participação populacional a causa dos inúmeros regimes paternalistas existentes no pais. Como neste trecho: “...Elas( massas) se encontram ausentes da ação mas se encontram presentes, para qualquer das duas facções em conflito, como uma pressão permanente sobre o status quo oligárquico ...” entra em conflito com a frase : “ ...e a representação das massa nesse jogo estará controlada pelo próprio chefe de estado”

Ao mesmo tempo que defende a forte pressão que as massas exerciam sobre os políticos também fala da noção de manipulação das massas feita por esses mesmo políticos, o que confundi ainda mais quais são as intenções do autor. Como uma massa que é manipulada tem o poder de exercer pressão na figura manipuladora?

Como pode existir vontades e exigências de uma população manipulada? Quando existe manipulação, também não existe uma imposição de vontades e preceitos? “ ...E ai nos defrontamos com um outro limite fundamental da manipulação, que não teria sido possível se os interesses reais das classes populares não tivessem sido atendidos em alguma medida, sem o que não teria persistido o apoio que prestavam a lideres originários de outras classes sociais.”, “ Desse modo , a manipulação é uma relação ambígua, tanto do ponto de vista social como do ponto de vista político...uma relação de identidade entre indivíduos entre o líder que “doa” e os indivíduos que compõem a grande massa de assalariados...” .

No próprio texto ele fala também que existiu um interesse dos populistas em ceder esses direitos trabalhistas por exemplo, para ter um “ controle estrito” do comportamento popular ao mesmo tempo que defende a forte participação ( pressão) popular.

Existem partes nas quais subentende-se que a participação popular foi uma coisa mais psicológica ou melhor imaginaria das pessoas do poder do que realmente um fato consumado : “ As massa populares não fizeram a baderna temida pela direita nem saíram em defesa do governo Goulart como esperavam as lideranças reformistas. Em abril de 1964 elas foram ainda uma vez o parceiro-fantasma no jogo político, em seu nome o reformismo e o governo formulavam sua política de reforma agrária e nacionalizações...” E em outras partes parece que realmente existiu a mobilização das massa : “ Suas lutas,(das massas) que se estendem por todas as primeiras décadas do século, embora não tenham conduzido a claras projeções de transformações políticas, parecem ter sido suficientes para apresentar-se as minorias dominantes como um problema real e, ate certo ponto, como uma ameaça.”

A parte “2-O POVO NO COMÍCIO” , me deixou com inúmeras duvidas a respeito das minhas definições e pensamentos a cerca dos assuntos relatados. Ao me colocar no lugar da população e de lembrar das falas e ações de determinadas pessoas, não seria ruim ter como presidente uma figura que “sede” benefícios a população, como ocorreu `a alguns anos com presidentes paternalistas. E me colocando no lugar da elite e através de experiências próximas posso concluir que a população não gosta de pensar, nem de ter trabalho, não existe uma mobilização da grande população para obtenção dos seus direitos. E pensando dessa forma me encaixo na critica do autor em relação as pessoas que pensam dessa forma. Mais infelizmente não encontrei em nenhum parte do texto referências ou novas idéias para mudar os meus conceitos, ele não me mostrou como na realidade funciona a participação popular.

O autor fala o tempo todo sobre as diferenças do populismo e do nacionalismo mais em nenhum momento ele da a definição do que foi o nacionalismo e quais foram suas repercussões .

Além disso o autor diz que o nacionalismo e o populismo não andam juntos, e essa informação se choca diretamente com a minha idéia de populismo Varguista, por exemplo, que além de ser paternalista exaltava a pátria, o trabalho, inclusive através de propagandas. Outro exemplo não Brasileiro seria os regimes facista e nazista, que atrelavam a figura do presidente ao da pátria.“É curioso, porém, que a hegemonia ideológica do nacionalismo se tenha feito sentir em todas as direções menos uma: a do populismo dado como fato passado ou residual.”

Para finalizar o comentário gostaria de registrar uma duvida: como pode nascer uma democracia de um sistema populista, do qual todos os benefícios são cedidos a sociedade como uma forma de mantimento do poder? Não existindo uma mobilização das massas como o autor afirma em : “...ter a satisfação ingênua de ver no populismo a infância de nossa democracia...”

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