Escolher duas notícias aleatórias e como podemos relacioná-las.
Vejamos duas noticias. Uma no caderno Cotidiano da Folha de São Paulo, dia 03 de outubro de 2008 página especial C5, refere-se a educação dos brasileiros. Diz a noticia, de seguinte manchete "Ensino brasileiro está entre os piores, diz Bird", que somos um dos piores no quesito educação para menores na América Latina, ficando apenas pouco acima da média. Somos o décimo quinto entre 19 países.
Outra, também do dia 3 de outubro, caderno Cotidiano página C5, com a manchete "Alckmin culpa estatal por presídio frágil", fala da construção de dois presídios em Lavínia, interior de São Paulo, a noticia dá conta que a construtora contratada para fazer a obra não obedeceu as especificações adequadas, entregando prédios inadequados para a guarda de presos.
Se entendi bem, a tarefa que nos foi confiada dizia que devíamos encontrar no jornal duas noticias que aparentemente não houvesse ligação. Não sei se atingimos os objetivos, pois acho que qualquer um pode ver a ligação diretamente uma e outra. Deixando de lado, o obvio que é a malversação do erário público.
Podemos notar a ligação direta entre educação para a geração de bons profissionais e cidadãos. Com a educação inadequada que estamos oferecendo às nossas crianças, é natural que tenhamos péssimos exemplos como este da construção destes presídios, senão vejamos:
Se não intenção de corrupção, de levar vantagem usando materiais de qualidades inferior, o que aconteceu foi um má qualificação dos profissionais encarregado de gerenciar a obra, talvez conseqüência de uma educação de base ruim, em que não ofereceu fundamento necessários para que o jovem pudesse seguir no ensino superior de maneira a aproveitar da melhor maneira possível os ensinamentos dos mestres. Falho portanto a escola em oferecer um ensino adequado para a formatação de profissionais competentes.
Se houve intenção de desviar recursos, e para tantos os profissionais responsáveis pelo gerenciamento das obras abriram mãos de produtos de boa qualidade. Ou ainda usaram menos materiais que o necessário para construir presídios que ofereçam resistência suficiente para segurar tentativas de fugas. Neste caso falhou a escola também, pois mesmo que tenha garantido a aprendizagem necessária para aprender as técnicas de estudos e como utilizarem para prosseguimento em seus estudos superiores, a escola não conseguiu dar uma instrução necessária para a formação do cidadão.
Se cidadão, com certeza os empregados desta empresa não teriam compactuado com a corrupção que levou ao desperdício de recursos públicos.
Logo, vimos ligação entre uma e outro noticia, que só foi possível quando fomos alertados de forma brilhante, diga-se de passagem, pelo professor Renato Seixas, sobre como deixamos passar despercebidos no nosso dia-a-dia fatos que aparentemente desconexos fazem parte de um mundo bem mais complexo que agora se aflora diante de nossos olhos.
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Proposta: Veja o filme e faça uma resenha.
A vida é Bela..ahã.
Ao ir ao cinema, pensei que veria mais um filme sobre a segunda guerra, campos de concentração e cenas horrendas que estes filmes costumam transmitir para causar impacto em seu espectadores.
Talvez por ter esta expectativa, quando vi pela primeira vez, no cinema em 1998, fiquei chateado com a banalidade que dedicaram ao tema. Usar um garoto de apenas 4 anos, que acabou de perder a mãe, é procurar provocar nas pessoas um sentimentalismo barato. É fácil fazer-nos ter compaixão por uma criança que esta prestes a ir para camara de gás.
Mas no decorrer da exibição, apenas esbocei um ou outro sorriso, pois achei tudo muito caricato e inverossímil, pois não creio que um pai, Guido, consiga esconder por tanto tempo um moleque dos soldados nazistas dentro de um campo de concentração, diga-se estilizado.
A necessidade de escrever este texto me obrigou a vê-lo novamente, o que é lastimoso, pois ver um filme pela primeira tem algo de bom, o ineditismo. Caso goste do filme, ótimo. Se não gostar tudo bem, não tem que vê-lo novamente. Porém o destino quis que este foste o filme necessário para embasar este texto. Posso dizer que, surpreendentemente, ao vê-lo pela segunda vez, tive a mesma impressão que tive da primeira vez. O filme é ruim mesmo. Banal e caricato.
Pois outros filmes que vi sobre nazismo, como a Triunfo do Espírito, Lista de Schindler e O Pianista, relatam de forma cruel todo drama vivenciado por esta pessoas, e não considero adequado fazer parodias de sofrimento alheio.
Não sei se um pouco desta minha implicância com o filme deve-se ao fato de na época, ele estar concorrendo com o magnífico "Central do Brasil", com Fernanda Montenegro, ao Oscar de Melhor Filme Internacional. Quero dizer que hoje considero esta premiação pura balela.
Gostaria de ver "A Vida é Bela II". O roteiro? Veja a minha sugestão:
Quero ver como Josué vai se virar, quando sair do campo de concentração, sem o tanque de guerra, mas com um prêmio maior, a sua mãe.Terá que viver em um mundo em profunda transformação. Vai ter pela frente uma Europa devastada, com Alemanha dividida entre dois impérios, URSS e EUA, e pelos próximos 46 anos amedrontado pela possibilidade de um hecatombe nuclear.
Com o recrudescimento das relações entre estes pólos e a geração de uma guerra não declarada, Guerra Fria, que englobara praticamente todas as nações do mundo. Países terão que tomar partido entre um ou outro grande centro do poder mundial. Principalmente aqueles limítrofes ou sobre a área de influências, que ou serão cooptados pela força ou pela pressão econômica e social.
A função de Josué neste novo cenário será de ajudar a reconstruir a nova ordem mundial. Terá sorte se permanecer no lado "americano" da Europa, pois poderá contar com a ajuda do Plano Marshall, elaborado para ajudar a reerguer os países europeus devastados, não por benevolência dos estadunidenses, e sim para tornar-la forte e assim ajudar a conter o avanço soviético evitando a expansão das idéias socialistas-marxistas.
Se ficar no lado "alemão-soviético", vivera em um país cercado por uma cortina de ferro, onde terá o direito de ir e vir fortemente controlado pelo estado, e se conseguir fugir poderá quem sabe passar o resto de sua vida num kibutz, em Israel, cercado de gente hostil e em estado de alerta permanente para pegar em armas e defender o território outorgado pelos aliados, através das Liga das Nações.
De qualquer forma, não tendo mais o Sr. Guido para envolve-lo num mundo de faz-de-contas, caberá a Josué criar seu próprio jogo, ou pior ainda, aceitar entrar em mais um jogo elaborado por entidades muito superior a ele.
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IMAGINE – JOHN LENNON
Imagine there's no heaven, Imagine there's no countries, Imagine no possessions, You may say I'm a dreamer, | Imagine que não exista nenhum paraíso, Imagine que não exista nenhum país, Imagine nenhuma propriedade, Você talvez diga que sou um sonhador, |
George Orwel, 1984, quem diria chegamos lá. Cadê a fronteira que separava pessoas, se na atualidade não podemos nos encontrar fisicamente, pelo menos temos o contato virtual a aplacar nosso desejo de um mundo sem fronteiras, tal qual cantado por John Lennon em sua mistica "Imagine". Qual a situação no mundo à época desta canção? 1971. Um mundo de guerra fria, de medo pela possível hecatombe de uma guerra nuclear, que caso ocorresse aniquilaria a raça humana da face da Terra.
Somos vigiados o tempo todo, a todo instante, quem garante que o celular ai no seu bolso não esta neste momento sendo rastreado? Aquele bilhete único do vale transporte já te denunciou, de onde você veio e pra onde você foi.
Pera ai... acho que estou me desviando do assunto central aqui. Não sei se o que escrevi acima esta de acordo com o que o professor esperava de mim.
Vou tentar retomar o texto...Um mundo sem fronteiras, sei....
Imagine...
Desculpa, não dá pra imaginar. Só vislumbro é um mundo cada vez mais conectado, mais controlado, onde as redes sociais que gracejam pela internet, ops...ta ai.
Estamos chegando a um mundo sem fronteiras de fato e isto será possível graças ao avanço da internet, nela todos farão parte de um único mundo....uma "Matrix" onde todos serão um e um será parte do todo, sem... pera ai.
Estava dizendo que a internet vai nos proporcionar um mundo sem fronteiras, pensando bem, é um pensamento equivocado, pois acaba de me ocorrer que países dominam a rede, censuram seu conteúdo, sendo o mais exemplar dos censores a China. Lá até empresas que vende um novo conceito de fazer negócios tiveram que ceder para poder participar deste enorme mercado. Pensou no Google? Pois é, ele mesmo, entre outras...
Bem "Imagine there's no heaven".... isto é fácil. o que não falta aqui são infernos.
Bom, confesso estou sem idéias, não consigo imaginar um mundo sem paraísos, fronteiras, sem religião, acho tudo muito surreal. Acabei de telefonar para o Ricardo, o Sr. Primeiro Lugar [Diow ], em busca de inspiração pra fazer este texto, e o máximo que consegui dele foi o desafio de encaixar neste texto o Homem-aranha e o Batman. Tá até parece.... se não tenho nem imaginação pra pensar num mundo sem necessidades e ganância, vou conseguir encontrar um lugar para os meus herois.
Voltando, o John diz que é fácil imaginar, se eu tentar...
Será que ele estava lúcido ao fazer esta música, ou será que ele tinha fumado um? Não consigo imaginar como pode ser fácil alguém acreditar que tudo aquilo que ele canta na música um dia possa vir a tornar realidade. Acho mais fácil acreditar que vivemos dentro de uma Matrix, tal qual Neo, Morpheus e Trinity... E que somos controlados de tal forma que não conseguimos enxergar além daquilo que nos é permitido. Como se ainda estivéssemos dentro da Caverna.
Talvez isto seja mais plausível pra mim, pois um mundo como o cantado por John, cá entre nós, seria muito chato, um verdadeiro porre. Como ficaria meus heróis, Homem-aranha, Batman num mundo sem violência? Seriamos todos iguais? Qual o desafio? Qual a emoção?
Eu acredito que John, ao escrever esta letra, além do porre que tomou, estava também imbuído de bons sentimentos e necessitando fazer algo para mudar o mundo. Crédito pra ele, pois ele pelo menos admite que é um sonhador,"sonhador maluco que era" devia saber da dificuldade em imaginar esta utopia, concretizar então...
Como não tenho o hábito de me drogar nem de tomar porres, peço desculpa professor, mas isto foi o melhor que consegui imaginar. Talvez um dia eu tome coragem e engula a pílula vermelha.
Por enquanto, fico com a azulzinha mesmo.
==============================================================USP - EACH - ED - TURMA 42
Ildeu Basílio Pereira - (GPP) - 6409591
Rennan Santos Pamplona - (LCN) - 6509363Ricardo Aurélio dos Santos - (GPP) - 6409222
Parte II - Músicas: Wish You Were Here - Queria Que Você Estivesse Aqui
What's Up
Caçador de Mim
A Lista
Gentileza
Com Açucar, com Afeto
Saudosa Maloca
Merton, em seu livro, resenhado por Renato Seixas, aborda a questão da necessidade do homem transgredir as normas sociais, e a forma como isto ajuda na evolução da espécie. Lógico que estas transgressões devem ser feitas de modo comedido, pois se extrapolar nas desobediências civis, podemos chegar as convulsões sociais que fatalmente podem descambar para a irracionalidade e para a violência gratuita.
Diz ainda Merton que são estas transgressões sociais que empurram a sociedade para novas perspectivas. Para exemplificar ele cita Copérnico e Darwin. Para Merton a sociedade é uma máquina muito complexa, onde as formas como os indivíduos vão conseguir realizar suas metas ora podem ser vistos de forma legal e moralmente aceitos, ora podem ser vistos como amoral.
De qualquer forma, ainda citando Merton, não existe uma sociedade ideal, pois todos estes meios não tem como estar disponíveis a todos ao mesmo tempo. Para aqueles que não alcançaram os ideais desejáveis fica a pecha de derrotados, que não deu o melhor de si, não houve dedicação total para vencer o jogo proposto.
E para tanto, a sociedade cataliza na Educação e no Trabalho os meios de persuasão cultural pelos quais os indivíduos podem ser considerados vencedores, aqueles que alcançaram seus ideais, que lhe foi imputado pela sociedade através das mais variadas forma de lavagem cerebral, de condicionamentos psicose, fazendo-nos lembrar do filme Laranja Mecânica.
Merton fala ainda das diferentes reações, dos diversos setores componentes do corpo social, ao conjuntos de tensões sociais.
Sendo elas o conformismo, a inovação, a aceitação das instituições e a rejeição.
Talvez, partindo daqui podemos tentar traçar um paralelo com as músicas....
Confesso que tá difícil, já lemos e relemos e muito já discutimos mas não estamos chegando ao consenso necessário que um trabalho em grupo pede...
Vamos por partes, especialidade de Jack, "Queria que você estivesse aqui", excelente música, como a maioria das músicas do Pink Floyd. Esta música fala da saída de Sid Barret da banda, o cara enlouqueceu, fumava, cheirava e bebia tudo. O LSD torrou o seu cérebro tanto que não tinha mais condições dele continuar na banda, e de certa forma os caras do Pink Floyd lamentaram a saída dele. Porém, por pouco tempo, já que o enorme e estrondoso sucesso de Dark Side of the Moon veio aliviar e consolar a perda do "amigo" desregrado. Conforme Merton expõe em seu texto, ele foi um daqueles derrotados que não seguiu a cartilha da sociedade, que permite certas transgressões em favor de um incremento nas perspectivas futuras.
A próxima música recomendada, eu Basilio, pedi licença aos meus colegas neste trabalho para poder fazer o comentário sobre a What´s Up, conheço esta música no trabalho da banda 4 Non Blondes, boa banda do inicio dos anos 90, tenho disco, costumo brincar com um amigo que também tem que fomos os únicos a comprar o cd, numa época em que comprávamos cd's. Hoje sabemos que a praxis é piratear pela internet. Saudosismo à parte, pois os meus colegas colaboradores neste trabalho, já estão me sacaneando, gozação pura que já lhes disse tarda mais não falha e eles serão os futuros "velhos" zoados. Voltamos a música, a letra traz uma certa resignação ao tempo perdido, um lamento por coisas que deixaram de ser feitas, o que me surpreende é a pouca idade para alguém já estar lamentando perdas, apenas 25 anos. Pelos menos aprendeu rapidamente que o mundo não é e nem nunca será uma imensa fraternidade, só que acho muito cedo, aos 25 anos, para que a amargura se apodere de alguém.
Por Merton, podemos dizer que ela esta num estado de conformismo, ela se entregou?
Caçador de Mim, será uma aceitação da vida como ela é? "Preso a canções, Entregue a paixões", algo como "relaxa e goza" da Dona Marta, parece que trata-se da declaração de alguém que já não acredita nas oportunidades que as transgressões às regras podem trazer. Esta aceitando tudo, desde que isto não lhe traga maiores conseqüências, desagradáveis, algo como redução de crise.
A Lista, qual é a desta música? É arrependimento? Lamentações por coisas que deixaram de fazer ou de dizer? Talvez se tivesse, assim como Merton percebido os valores que as transgressões tem para o aprimoramento das sociedades, muito do que deixou de ser feito ou transgredido não tivesse ocorrido da forma como parece que ocorreu. A impressão que nos passa ao ouvirmos esta música é que a personagem passou muito tempo preocupado em agradar aos outros em servir e cumprir com suas obrigações moralmente aceitas pela sociedade, e hoje após anos, percebe que a todos àqueles que tinha respeito ou estão longe ou não tem mais a importância que parecia ter.
Gentileza. É mais inteligente o livro ou a sabedoria? Como responder a isto? Discutimos feio,uns acham o livro outros a sabedoria.... O livro, pois fruto do trabalho do homem, perpetua o conhecimento e o transmite a outros, fazendo com que seja aprimorado. A sabedoria é aquela que cria e impulsiona para novas formas de atender as expectativas da sociedade. Mas como o ato de transgredir regras, seja pixando ou escrevendo um livro, sempre será vitima da reação, o confronto deve ser limitado ao necessário para o avanço e o progresso sociais não não sejam podados por reações demasiadamente agressivas a ponto de calar o insubordinado.
Com Açúcar, com Afeto. O amor, o que pode ser mais transgressor que o amor. Quando temos este sentimento, nada que nos é dito ou feito pode-nos alertar acerca das barreiras que costumamos quebrar para ter aquilo que é o objeto de insana adoração. Não obstante, todas as transgressões que nos propomos a cometer podem ser consideradas de mais valia para a sociedade, pois geralmente a cegueira costuma deixar-nos incapacitados para a devida e justa tomada de decisões que a sociedade julga aceitáveis.
Saudosa Maloca, conformismo e a aceitação das instituições, mais explicito que nesta letra não é possível. " Os home tá cá razão", nesta frase percebemos que eles reconhecem como legitimo o estado de propriedade e o respeitos as instituições que determina e faz cumprir com as regras estabelecidas. O que estes miseráveis tem? O que eles tem a perder? Não seria de esperar justamente daqueles que nada tem a perder a maior probabilidade de indignação e consequente transgressões as regras estabelecidas pela sociedade? Não agem assim a grande massa da população mundial, que embebida na possibilidade de ganhar o Céu, se resignam a aceitar as condições de sobrevivência que passam aqui na terra?
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Roberto Merton e alguns Hinos da MPB
PARTE I
Viola Enluarada apresenta uma personagem de paz que não obstante, quando necessário, sabe levantar sua arma e fazer a guerra. Roda viva, nos dá um (in)conformado com o mundo e suas reviravoltas, com o destino que brinca, a fazer o “peão” girar inexoravelmente. Tente outra vez, um canto à perseverança, ao sujeito que mesmo nunca atingindo seus fins, precisa continuar tentando e tentando, buscando atingir algo além de suas possibilidades e, em verdade, apenas cumprindo seu papel na engrenagem social, que faz o “moinho girar”. Disparada traz o sertanejo, forte, que aceita o laço e faz uso do mesmo, que lida com os aspectos intangíveis da vida e “vive pra consertar”. Como Nossos Pais, nos traz a revolta da jovem, no mundo urbano, que traz na alma o desejo de mudança em um tempo em que não há espaço às transformações. Em Ouro de Tolo canta o sujeito comum que atingiu aquilo que estava além do que lhe era dado atingir, aquele mínimo que lhe garantiria a felicidade, mas que se percebe enganado por atingir a sua meta e ver que o horizonte se moveu e então precisa andar mais para em seguida vê-lo andar de novo. Em Coração de Estudante, canta-se ao espírito de renovação, que, enfim, traz sempre novas esperanças e faz a engrenagem girar mais vigorosamente. Ideologia traz o jovem inconformado, que perdido, e consciente da fraqueza daquela força cantada em Coração de Estudante, pede um novo ânimo pra continuar no mundo que não pôde mudar.
Em comum, estas canções trazem visões da realidade, semelhante em uns pontos, complementares em outros. Todas trazem consigo a idéia de um mundo em constante transformação ao mesmo tempo carente de mais transformações, que, porém estas se dão de forma diferente do que se espera. Denunciam a necessidade do ser da transgressão para desencadear uma evolução no seio da sociedade ou uma mudança interna ao próprio ser, que também resultaria em seguida em novas perspectivas sociais, no entanto por serem necessidades individuais, ou algo que está no ar, mas que não se configura como força concreta, acaba não se transfigurando em ação de fato o que resulta em angustia do eu lírico, que pode bem representar diversos personagens da sociedade, como do sertanejo, o jovem urbano, o proletário, etc.
A música “tente outra vez” ilustra a idéia de que, perseverando, é possível atingir todas as metas, ignorando a noção de que é impossível ganhar uma corrida de cavalos montando um burrico, porém a idéia que esta música deixa no ar é de que é necessário tentar outra vez por não haver outra opção. Ou seja, é melhor seguir caminhando no túnel acreditando existir luz no fim deste, do que ser engolido pelo “breu total”, onde não haveria mais ordem social. Como Merton aponta, este comportamento e necessário à manutenção da ordem social.
Coração de estudante ao celebrar a alma jovem, ilustra a busca por inovação, da mesma forma “como nossos pais”, estas músicas relacionam-se à segunda possibilidade de reação para superação dos bloqueios social apresentados por Merton. Como nossos pais traz o desejo por mudanças, porém a percepção de que as sociedades giras em ciclos sendo assim os filhos repetem os pais. A terceira reação, denominada por Merton de ritualismo, é ilustrada pelas canções disparada e viola enluarada, que cantam a noção de não aceitação total da normas do sistema social que os engloba, mas não se rebelam totalmente a este. O refreatismo, quarta reação, é ilustrada por “Ideologia” e “Ouro de tolo”, em que se rejeita completamente aquelas normas, em “Ideologia” a personagem se sente perdida, sentido uma mudança no que a própria acredita, em “ouro de tolos”, mesmo o ser tendo atingido as metas, os objetivos que se pressupõe, sejam caminhos para a felicidade se sente decepcionado, fica no ar a necessidade de um abandono completo das diretrizes consideradas comuns.
Em todas estas músicas fica claro que as personagens sociais são regidas por algo maior que elas e que elas não podem controlar, em “Roda Viva” isto fica explicito, porém neste caso a força maior é o destino, as contingências. Mas também fica no ar a idéia de estruturas que regem a sociedade a qual se opõe estes, sendo assim pode-se considerá-lo como os agentes da transgressão que tende a alterar o quadro social estabelecido.
===============================================================Texto de conclusão de disciplina:
USP – EACH – CICLO BÁSICO – ED – PROF. RENATO SEIXAS – TURMA 42
Ildeu Basilio
Vira-lata, 100% mestiço.
Sou vira-lata e acho que esta pátria não me representa. Alias, ela representa quem? Qual a cara do Brasil? Do nordestino, do sulista, do carioca, de Piracicaba? Ou aquele do jornal das oito? Que raça é esta brasileira? É um verdadeiro milagre que nos mantemos unidos como "nação", acho que realmente a única coisa que da a liga a tudo isto é o nosso português tupiniquim. Fui investigar a etimologia da palavra tupiniquim, veja o que achei:
Tupiniquins - significa, conforme o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, de Antenor Nascentes, "Tupi do lado, vizinho lateral" ou ainda "Tupinã-ki, "tribo colateral, o galho dos Tupi". 3
Até ai fomos jogados pra escanteio, a língua nativa que mais nos influenciou é de uma tribo do lado, porra não poderia ser a "nossa tribo", tinha que ser a do vizinho? Apropriamos de uma linga do vizinho.
Antes de entrar na USP, ou EACH pois até aqui não sei exatamente onde estou pisando, eu não tinha raça muito menos cor e não me importava com isto. Também não via cor ou raça nas pessoas, conhecidas ou não. Porém aqui dentro da EACH, parece que tenho que me definir, preciso sair do armário, assumir minha condição perante meus pares, vocês passaram o ciclo básico inteirinho nos perguntando isto, seja nas aulas da Gislene, ou a Marta com aquele idéia de ninguendade de Paulo Freire, ou a Laura em suas aulas de PET. Ou os casamento forçados que nós fomos obrigados a fazer. Vocês são bem indiscretos. Olha acho que nunca olhei pra mim mesmo como tenho feito neste último ano. Mas tenho problemas? Não sou mameluco, nem negro ou branco. Mestiço, sou mestiço e daí? 100% Mestiço?
Afinal de contas, o que é raça? Depende se estamos falando em termos científicos ou se estamos falando de uma categoria do mundo real. Essa palavra "raça" tem pelo menos dois sentidos analíticos: um reivindicado pela biologia genética e outro pela sociologia, apesar dos antropólogos chegarem a ter arrepios quando ouvem que raça pode ser um conceito sociológico.
Voltando na época, a formação da sociologia deu-se no final do século XIX, onde abandonaram as explicações sobre um mundo baseado em raça ou clima, em favor de explicações baseadas no social e na cultura. O que funda as ciências sociais é essa idéia de cultura. Que idéia é essa? É a idéia de que a vida humana, a sociedade política, a religião, as tradições etc., não são determinadas por nada além da própria vida social. Sendo a cultura tanto material quanto simbólica, ajuda-nos a dar sentido a nossa vida social e individual.
Lidertípicos, elementos culturais dominantes, são as lideranças, e sejam elas quais forem, se impõe para o resto da sociedade com seus padrões, (Merton). Por que eu gosto de rock e não de samba? Qual a verdadeira musica popular brasileira? Bossa nova? Talvez seja a única coisa genuinamente brasileira que vem a cabeça neste momento, mais ainda assim um amigo diz que talvez tenha influencia do jazz.
Complicado isto. Será que sou totalmente colonizado? Olho em volta, meu lcd é da LG, meu micro system é da Phillips, o notebook, que escrevo neste momento é Dell. Celulares Motorola e Sony. Bem os moveis são nacionais mesmo.
Percebo agora que todas elas são marcas bombardeadas pela mídia constantemente, será por isto que as tenho? Como disse meu professor, Renato Seixas da EACH USP (eu sei que o senhor já sabe o seu nome, esta informação é para quem for ler no meu blog.) "a sociedade cria conceitos simbólicos, estabelece objetivos e você tem que perseguir estes objetivos". Então em muitas situações de nosso cotidiano nos deparamos com significados culturais, propostas pela sociedade, através daqueles conceitos simbólicos e nós aprendemos a gostar deles. Afinal vivo correndo atrás daquele novo celular, "mptudo", sou fanáticos por estes gadget, apesar do meu atual atender a todas as minhas necessidades, sinto uma necessidade enorme em comprar outro.
E não adianta eu tentar compreender o por que desta necessidade, vi no Blog do Renato Seixas 1 um texto muito interessante, veja este trecho:
"Mesmo que o consumidor já tenha adquirido os referidos bens, a mensagem publicitária o estimula a repetir o ato de aquisição periódica e continuamente. Logo, a publicidade não tem apenas conteúdo informativo, mas preponderantemente comercial. A publicidade informa para vender os bens de consumo a que se refere. A publicidade sempre apresenta o produto ou serviço como sendo o melhor, o mais eficiente, o de menor preço, o mais seguro e, enfim, refere-se ao bem como sendo exatamente aquele que corresponde a todas as necessidades do consumidor. Daí porque é essencial que a mensagem publicitária introduza para o público consumidor o novo, o moderno, o avanço tecnológico, a evolução em contraste com o antigo, o obsoleto, o velho."
Ou seja, eu sei que a publicidade é feita para me influenciar, não deveria já estar preparado para resistir a isto?
Não sei qual a minha tribo nem classe ou etnia poderia me encaixar sem que não haja um pingo de dúvidas. Posso me desconstruí? Vou me comparar à quem? Não sou branco, nem negro, Não gosto de samba muitos menos de funk. Gosto de rock, música clássica e MPB, ou seja lá o que isto que dizer, para ser mais especifico, gosto de música "violão e um banquinho". Agora se a minha formação identitária depende do meu relacionamento com elementos próximos, porque gosto de música clássica? Gostar de rock tem lá uma explicação, meus tio eram roqueiros, mas não me lembro de ouvir Mozart, Bach, Mendelssohn, Betoven, quando menino. Na minha família, só meu pai ouvia e ele morreu quando eu tinha 3 anos. De onde veio o gosto pela música clássica?
Não tenho religião, apesar da minha mãe já ter pertencido a todas elas, sem brincadeira, nasceu católica virou candomblé, depois budista, flertou com a seicho-nie e hoje estacionou na evangélica, e acredito que estacionou mais pela idade avançada, pois se a "veia" fosse mais jovem com certeza estaria dando os seu pulinhos por ai. Quanto a mim, já beijei a mão do padre, ganhei balinhas de Cosme e Damião, queimei meus incensos, tudo, obvio, arrastado pela minha mãe. Hoje, pra ser sincero nem sei se acredito em Deus, vou dizer que sou agnóstico.
Brasileiro de Minas criado desde os 9 meses de idade na zona norte da cidade de São Paulo, até hoje quando me perguntam de onde eu sou meio que titubeio ao responder. Isto me incomoda, sinto-me paulista vivo aqui desde os meus cueiros, mas quando me perguntam de onde você é e digo que sou paulista, me acho um farsante. Mas se digo que sou mineiro, ai sim acho que sou um usurpador de naturalidade. Enfim, toca o barco.
Gosto de pizza, opa sou italiano. Mas também gosto de Virado à Paulista, Leitão a Puruca e Pão de Queijo, e nem sei por que estou escrevendo estas comidas com letra maiúscula, será que por ser tipicas preciso me referir a elas com certa deferência?
- Senhores, aqui temos o senhor Leitão a Pururuca, típico representante de Minhas Gerais, acompanhado da ilustríssima senhora Vatapá, representante da Bahia, a senhora Moqueca. Hoje bebi coca-cola e comi açaí, e daí?
Meus avós maternos são um de Portugal e uma aborígine bugre (devia dizer índia, pois nem nossos "aborígenes" são "originais"), por parte de pai um é da Espanha e a outra da Itália. Fiquei feliz quando redescobri a palavra mameluco, fui investigar pois queria dizer com todo o orgulho, bater no peito, sair com camiseta "100% mameluco", mais infelizmente minhas pesquisas disseram que estava de fora, pois minha avó índia não me legitimava. Droga, por que ela não foi escravizada. Apesar de que não iria adiantar muita coisa, pois ainda assim ele teria que ter vindo da áfrica.
E ai? Qual a minha tribo? Onde posso me encaixar?
Culpa disto é da globalização, responsável pela fragmentação política, econômica, produtiva e principalmente a fragmentação cultural. Então nós recebemos elementos culturais de todos os lugares do mundo do Japão, da Tailândia, da Alemanha, da França, da África, e se bobear até dos hermanos do sul. E por falar em fragmentação, percebe que quando falamos da África, dificilmente nos referimos a algum pais especifico? Sempre a África nos apresenta como um continente único numa única nação, se fosse mesmo uma nação única ela provavelmente não teria tantos conflitos e guerras civis.
Como posso lidar com todos estes fragmentos culturais? Como fica minha cabeça nisto tudo? De manhã açaí com sucrilhos, na hora do almoço coca-cola e a noite um suco de cupuaçu. Como posso queimar a bandeira dos EUA e chutar a bunda de um americano usando um tênis da Nike, filmando com meu celular da Nokia, feita no sudeste asiático. Isto me fez lembrar de uma música dos Titãs, Disneylandia, que já no longínquo 1993 descrevia uma babel de misturas globalizantes, sempre gostei muito desta música pois já naquele época me perguntava onde vamos parar, bom ainda não tenho a resposta. A globalização, na minha opinião já esta ai desde quando os portugueses se lançaram ao mar em busca de novas rotas de comércio. Agora com certeza a disseminação do rádio e a popularização da televisão, lançou-nos numa enorme promiscuidade de culturas, umas se metendo nas outras, sem pedir licença ou se desculpar.
"Armênios naturalizados no Chile
Procuram familiares na Etiópia,
Casas pré-fabricadas canadenses
Feitas com madeira colombiana
Multinacionais japonesas
Instalam empresas em Hong-Kong
E produzem com matéria prima brasileira
Para competir no mercado americano"
Titâs – Disneylandia - ano 1993
"A identidade cultural pós-moderna, mais do que as outras espécies de identidade cultural, requer análise a partir de elementos culturais arquetípicos, osmotípicos e lidertípicos. Para desenvolver esta abordagem é muito rica a contribuição de Cremilda Medina"2 , já que é o senhor quem diz, vou lê-la nas minhas férias. Pois com disse o senhor em sala de aula, é, de novo, existem exploração de elementos culturais arquetípicos. Para exemplificar vou usar o seu milho, o senhor disse que ele é o arquetípico das civilizações pré-colombianas aqui da América do Sul. Ou seja o milho é um elemento cultural de profundo importância. Então em muitas situações nós temos a exibição de arquétipos importantes e que estão no nosso inconsciente individual ou coletivo que emergem para o plano consciente conforme nós vamos vivenciando as coisas do dia-a-dia e falamos , nós fazemos as nossas próprias narrativas sobre estas coisas do dia-a-dia, estes arquétipos aparecem.
Tem a montanha e a cama também exemplos citados com arquétipos, sem falar da concha.
Quais são os arquétipos tipicamente brasileiro? Malandro? E nossas elementos culturais, samba, futebol mulatas. E a língua, não acho que falamos português, nossa língua tem tantas influencias, dos tupi, africanos, espanhóis, italianos, etc... Que deviamos denominá-la brasileira.
Agora, definitivamente não sou malandro e não gosto de samba. Agora se gostar de mulatas e futebol, não necessariamente nesta ordem, além de falar brasileiro pode me definir como brasileiro, ai talvez eu tenha que admitir, sou brasileiro. Serei latino?
A quem interessa esta divisão? Precisamos mesmo descobrir nossas origens? Pra que? Para podermos fazer parte de um clã e assim requerer nosso espaço? Mesmo que para isto tenhamos que sair por ai matando e estuprando para poder perpetuar nossa linhagem? É pra isto que serve a história?
Como já disse, antes de por os pés aqui, não dava a mínima (importância) pra esta questão, pra ser sincero nem sabia que isto era uma questão que merecesse atenção. Contudo agora que os senhores acordaram o monstro como vou fazê-lo dormir de novo?
1, 2 – http://renatoseixas.wordpress.com/category/comunicacao-e-globalizacao-cultural/
consultado em 24/11/2008 às 19:17 h.
consultado em 25/11/2008 às 20:39 h.
HALL, STUART A Identidade Cultural na Pós-Modernidade. Tradução Tomaz Tadeu da Silva, Guaracira Lopes Louro – 10.ed. – Rio de Janeiro: DP&A,2005. Tradução de: The question of cultural identity.
FISCHER, R. M. BUENO Modos de educar na(e pela)TV. In: FISCHER, R. M. BUENO. O Dispositivo Pedagógico da Mídia. v.28. Educação e Pesquisa, São Paulo. Jan/jun.2002. p.151-162.
São Paulo, novembro de 2008.
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