ALC - CICLO BÁSICO - Professor Jefferson Agostini Mello

CICLO BÁSICO - ESTUDO DIVERSIFICADO
Arte, Literatura e Cultura Brasileira.
Professor Jefferson Agostini Mello

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE ARTES, CIÊNCIAS E HUMANIDADE.

O direito à literatura por Antonio Cândido

Literatura é:

1) a arte de compor ou estudar escritos artísticos; 2) o exercício da eloquência e da poesia; 3) o conjunto de produções literárias de um país ou de uma época; 4) a carreira das letras

Para Antonio Cândido literatura são "todas as criações de toque poético, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos de folclore, lenda, chiste, até as formas mais complexas e difíceis da produção escrita das grandes civilizações." (página 174, segundo parágrafo).

No texto "O direito à literatura" o autor faz algumas reflexões sobre o que significa ter direito à literatura, e o porque da importância deste direito à literatura.
No decorre da argumentação, Antonio Cândido, traça um paralelo entre literatura e direitos universais do homem e como a literatura pode humanizar o homem através da satisfação que pode proporcionar ao dar forma aos sentimentos; e de nos mostrar o mundo pela ótica conjuntural daqueles que nos cerca, ajudando a dar uma ordem na confusão que nos atormenta.

A literatura transforma-se numa ferramenta para desmascarar  a situação de negação que vivenciamos, a miséria, a servidão e a mutilação  espiritual  dos seres humanos.

Antonio Cândido acredita na possibilidade da literatura instrumentalizar os homens para a resolução de problemas, sejam eles materiais ou não, e que no Brasil, já esperamos por demais "crescer o bolo" para poder repartir, pois o que temos observado é que os ricos sempre estão mais ricos enquanto no resto da população a a distribuição da riqueza tem sido cada vez mais desigual, levando a questionamentos quanto ao que é importante ou não para a vida humana, como cita na passagem do texto ao relatar a visão geral que se tinha dos empregados domésticos..."eles não precisam de folga aos domingos nem de comer sobremesa pois não sabem o  que isto...".

Neste universo de desigualdade social  em que vive o Brasil, discutir o direito humano, tende naturalmente a discutir o direito a comida, moradia, saúde e roupa. E a visão ainda é a de que o pobre não precisa de literatura, pois ainda não sabe o que é isto. A literatura tem sido privilegio de uma determinada classe social, que tem recursos para uma literatura mais "refinada" -ponho refinada entre aspas, por que é questionável o que é literatura e arte refinada? Quem determina a qualidade e o valor destas artes? Tudo fica muito no campo do subjetivo - em detrimento ao que é oferecido às camadas mais baixas.

Como falar de literatura para quem ainda busca pelos direitos mais fundamentais para a sobrevivência? E olha que usei o termo "sobreviver" pois para muitos, a vida se resume apenas a sobrevivência.

O autor tenta definir o que é necessário ou não para o entendimento do que devemos almejar como  literatura e arte, cita que com o passar da épocas, este entendimento muda, o que é útil e importante hoje, pode não ter sido na década passada ou no século passado, por isto a necessidade de termos uma conscientização individual e consciência social para entendermos a literatura como um direito de todos, e isto será possível através de uma organização mais justa da sociedade e consequentemente por meio de uma melhor distribuição de renda.

O autor traça um linha entre a importância do sono para a nossa sanidade e a importância da literatura par o "nosso equilíbrio social", ele trata a literatura como uma necessidade humana, pois diz que ninguém é capaz de passa o dia todo sem sair da sua realidade. alite3ratura nos faz viajar, sonhar, criar, desvendar mundos outros.

Com o avanço da tecnologia, questionamos se a divulgação da literatura não esta sendo mais massificada, pois temos muitos exemplos de autores importantes que são transformados em filmes, novelas e série de televisão ou cinema. Questiono o que realmente é literatura e qual a literatura que os doutores querem que a população realmente leia. será que hoje, com todo a divulgação não estamos melhores que décadas atrás, quando só uma pequena parte da população que tinha acesso aos grandes centros tinha condição de ler. Como o "capiau", lá no agreste do brasil, conseguia ter acesso a estas obras tão aclamadas pelos acadêmicos?

 afinal, na literatura, os pobres, muitas vezes foram apresentados de forma indigna, como excluído. Hoje temos alternativas, ainda mais com o massificação do acesso a internet, são vários os grupos de todas as tendências, que tem um meio de expressar seus ideais, coisa que até então não era possível, pois somente aqueles com contato com o mainstrean, era que tinha condições de divulgar suas idéias por meio de impressão de livros ou pelos cadernos culturais de jornais e livros.
Antes, para ouvir cordeis, repentista,  tinha que ir para o nordeste, e quantos tinha esta possibilidade? Viviamos num mundo de literatura estrangeiras, tanto é que que teve que acontecer a Semana de 22 para que houvesse uma ruptura.

Sempre tivemos uma população pouco afeita a leitura, mais esta mesma população sempre criou suas tradiçoes, modinhas, ditados populares e sempre passou de pai pra filho. Dizer que a televisão mostra a cada instante imagens senscionalistas é apenas uma maneira de ignorar a vontade individual de cada um. Pois quem realmente tem interesse em boa literatura, hoje tem muito mais oportunidade de adquirir, principalmente em grandes centros urbanos. A pergunta que faço é; por que as bibliotecas continuam vazias?

Será que o povo realmente não sabe ainda qual o gosto da "sobremesa" ou como é bom uma folga aos "domingos"?

E podemos parar de menosprezar o povo de camadas inferiores e começar a falar do brasileiro que não tem esta cultura da leitura, de cultivar as artes e literatura. Está na hora de começar a servir a sobremesa e devemos fazer isto para aqueles que mais gostam, as crianças. Cabe aos educadores começar a mostrar que o consumo de literatura pode levar as pessoa a vivenciar novos horizontes, ver o mundo externo com um novo olhar.

Assim poderemos dizer com conhecimento de causa que a literatura, com seu poder libertário, deve antes de ser imposta aos considerados povão, serem lidos pelos das classes dominantes.  E que se a intenção é impor os grandes autores, em sua maioria vindos de outros mundos com suas artes e colonialismo, devemos responder com nossa arte vindas da rua e dos morros, nossa maneira de transformar a realidade, de viajar e de transformar.

Assim poderemos dizer finalmente aos doutores:

Me deixem em paz, eu quero ler o que me interessa, quero buscar o que eu considero literatura e arte onde eu achar que devo buscar, talvez poderemos até queimar alguns medalhões da literatura, incendiar estes ditadores da literatura.

 

Neste sentido, conhecer o poder que a literatura apresenta e que a classe dominante priva a maioria da população ao acesso a esse saber é vital para quem deseja uma educação humanística. A literatura pode levar o ser humano a conhecer, experimentar, ela é capaz de moldar o ser humano em relação aos seus desejos, anseios e medos. Através da literatura podemos transformar realidade, pois ela ensina a viajar, sonhar, querer, buscar, conquistar e, por fim, transformar.

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