Caro Jorge,
Acabo de ler a sua mensagem. Se me permitir dar pitaco, ai vai.
Ha alguns dias mandei uma mensagem, a partir de sugestoes (em tom de brincadeira) que foram feitas a mim para analisar o cenario. Obviamente que dada a proximidade pessoal com as candidaturas e as relacoes de amizade nao foi possivel fazer analise nenhuma, mas apenas enaltecer aquilo que vejo de positivo em vc, Coelho, Cecilia e Edu. Mas o que mais tentei passar ali era a minha preocupacao com esse clima de deslegitimacao do outro, do adversario, que tem marcado esse processo eleitoral. Nao sei se li tantos livros quantos alguns colegas de GPP leram ao longo de suas trajetorias academicas, mas pelos livros que li, e pelo que vi ao longo do tempo, acho que politica tem a ver com dissenso, com dialogo e com a criacao de areas de consenso, num equilibrio sempre dinamico e delicado. Ou seja, o oposto da pratica da deslegitimacao do outro. Era a isso o que me referia quando abria minha mensagem dizendo que minha declaracao de voto tinha pouca relevancia, e quando a fechava conclamando a unidade (unidade POS-ELEITORAL, frise-se). Provavelmente nao fui suficientemente claro nas minhas palavras e alguns talvez nao tenham entendido a mensagem daquela forma, preferindo nos tachar com a pecha fácil de "murista". Sem problemas, vamos em frente.
Talvez alguns vejam a sua mensagem e sua proposta, Jorge, como demonstrações de maturidade política e grande despreendimento, sobretudo nesse momento delicado que o curso e a Unidade estão vivendo. E talvez sejam mesmo. Como todo mundo sabe, tenho muito mais afinidade ideologica com voce e com Caldas do que com Fernando e com Cecilia. Mas, sinceramente, eu não gostei da sua mensagem. E nem da proposta que você faz (falarei sobre isso mais adiante). Não gostei da sua mensagem porque você, embora fale, de passagem, sobre o complicado momento que vivem o curso e a Unidade (isso sim seria motivo para especularmos uma uniao de chapas), passa boa parte da mensagem pintando um quadro sombrio sobre o grupo de professores, com o qual eu não concordo. Ate me estranha que uma chapa mais a esquerda use deste tipo de estrategia, tipica de manifestacoes politicas mais conservadoras. Poxa, dizer que se um lado ganhar há rumores de que apoiadores do outro lado irão cruzar os braços? Como assim? Quem propagou esses rumores? Eu não autorizo ninguém a falar em meu nome a esse respeito. E acho que não estou sozinho nessa. Se eu votar em você e o Coelho ganhar, ou vice-versa, estarei ai pra colaborar, na medida do que for possível. E muitos outros colegas estarão também. Jorge, se alguém estah ou estiver de braços cruzados provavelmente não eh ou nao serah por razões eleitorais.
Voce pergunta o que se passa entre nós...acho que o que se passa eh que não conseguimos construir um consenso prévio ao processo eleitoral. Na minha humirde opinião (que é APENAS mais uma opiniao, mais um mero ponto de vista, mais uma versao dos fatos, e não a VERDADE, pois esta não existe, ok, mestres do bom senso e senhores da razão?)...bom, voltando, meu caro Jorge, temos ai duas chapas qualificadas, cada qual com tais ou quais prioridades mais destacadas, que contam com simpatia de varios colegas e alunos e tambem com certa rejeicao de outros tantos. Ja falei isso anteriormente, o ideal seria uma chapa encabecada por alguem que transitasse sem grandes problemas entre todos os colegas e contasse com elevado apoio entre todos os grupos do alunado. Mas ha algum grande problema de nao termos construido isto? Acho que não, não eh, ?tipo assim? (rs) o fim do mundo. O debate eh bacana, a divergencia de posicoes e de visoes eh sempre interessante e didatica. Eu nao sei Jorge, posso estar aqui falando um monte de bobagem, mas tua mensagem tá recheada de termos que assustam e não contribuem em nada para politizar a discussao, como "rumores", "risco real", "mesquinhez", ?degeneração?, ?fidelidades em cheque? e que tais. No limite, acho eu (e bota achismo nisso), fica-se com a impressão de que a gente não sabe fazer política, e que, ao invés de fazermos o duelo de ideias, o máximo que conseguimos eh criar um ambiente nebuloso e ameaçador. Fora isso, fico pensando: se o Coelhinho e a Cecilia não aceitarem a proposta que você faz, será que eles vão ficar com a pecha de mesquinhos?
Veja, cada qual fala a partir de seu ponto de vista, mas eu nao to sabendo desta outra variavel que você coloca, sobre "inimizades contidas". Nao sei se eh porque eu nao me julgo inimigo de ninguem (e ate onde sei ninguem se julga meu inimigo), mas nao to vendo a coisa tao feia assim não (ok, não enxergo mesmo bem, entao pode ser uma limitacao minha). Sou daqueles que acha que eleição passa e as feridas tendem a se cicatrizar. Até porque nossa perspectiva de convivência dentro de GPP eh de décadas ainda. Agora, muito na boa, Jorge, vcs mandam uma carta propondo a uniao das chapas e falam que "a grande dúvida que tínhamos era se a busca pela coordenação feita pela outra chapa era motivada primordialmente pela melhoria do curso ou se tratava de um projeto pessoal". Po, velho, eh assim que a conseguiremos construir um consenso, alias consenso de ultima hora, quando as urnas do C.A. e cerca de 500 alunos estao mobilizados para escolherem entre uma chapa e outra e balizarem os RDs?
Eu queria saber o seguinte, Jorge: em termos práticos, a sua proposta redunda no que? Chapa única, formada pelos dois atuais candidatos a coordenador, abrindo-se mão dos dois candidatos a vice? Ou chapa única com um ?quatrovirato? (nem sei se existe essa palavra) tocando a Coordenação do curso?
Bom, apanhei pra caramba por nao ter aberto voto na mensagem anterior que mandei, mas ja coloco aqui minha posicao: Coordenacao de curso, na minha singela opiniao, deveria ser objeto de construcao coletiva, deveriamos sim ter chegado, meses atrás, a uma dupla de colegas que fosse consenso entre nós. Mas ja que nao chegamos, aproveitemos entao a possibilidade de promover o debate sobre os rumos que queremos para o nosso curso, e passemos para essa garotada a concepcao de que politica eh dissenso, e consenso logo depois, e nao deslegitimacao do adversario ou composicao de ultima hora. Se esta proposta extemporanea de unificacao vingar, sem eleicao entre as duas chapas, num processo de frustracao coletiva, meu voto ja está decidido: NULO. E nao me venham acusar de apostar na divisao, pois nao eh disso que se trata. Nao conseguimos, enquanto grupo, fazer uma ampla discussao de uniao la no passado, entao vamo pra eleicao, meus caros, debatendo as propostas das duas chapas ate a ultima hora. Quem ganhar assume, quem perder senta junto com nós outros não-candidatos e colabora. Se tem uma fidelidade que nao pode estar em cheque eh a nossa fidelidade a GPP.
Abracos (estou preparado para os tomates)
Wagner Iglecias
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PROPOSTA DO PROF. JORGE SOBRE A UNIFICAÇÃO DAS CHAPAS.
Prezad@s colegas,
Escrevo para vocês para tornar pública proposta de unificação das chapas feita na tarde de quinta ao professor Fernando.
Entendemos que chegamos a um ponto muito profundo de polarização entre as chapas. Essa divisão gerou uma crescente pressão sobre os colegas professores, levando a uma situação de evidente desconforto, colocando em cheque fidelidades e expondo inimizades contidas, verbalizadas apenas nos corredores e sujeitas aos ecos que uma campanha eleitoral proporciona.
A parte disso, não faltaram rumores que essa divisão do curso poderia gerar um racha entre os professores, com parte dos docentes cruzando os braços, dependendo do lado que ganhasse. Ao ouvir eleitores docentes de ambas as chapas, fui me convencendo que tais rumores são na verdade um risco real. A quem interessa essa divisão?
Pessoalmente, refleti sobre o fato eu mesmo não estar me entrando numa competição mesquinha pelo poder, como é frequentemente ver na universidade. Isso em si já representa uma contradição naquilo que acredito e defendo publicamente. Sentia-me desconfortável em cobrar dos colegas uma posição sobre as candidaturas, em especial àqueles que manifestavam apreço por ambas a chapas. Por outro lado, eu que sempre defendi e continuo defendendo praticas colaborativas - algo que se relaciona profundamente tanto com aquilo que pesquiso, como com meu trabalho em sala de aula -, surpreendi-me pelo fato outra chapa propor as mesmas ferramentas e métodos que costumo empregar. Além disso, nos debates desta semana, ficou evidente que ambas as chapas têm um diagnóstico muito semelhante dos problemas do curso. Que passa entre nós, então?
Abro aqui um parêntesis para expressar - aos que ainda não sabem - que nossa candidatura emergiu de uma conversa num encontro não premeditado na hora do cafezinho antes da COC do mês passado. Éramos seis os professores: eu, Eduardo, Cris Kerches, Pablo, Vaz e Zé Renato. A razão da conversa era uma só, de que vários professores - além desses presentes - não se sentiam contemplado pela única candidatura então existente. De minha parte e do professor Eduardo, não havia pretensão prévia ao cargo. Por outro lado, que perdoem a sinceridade, temíamos que a outra chapa fosse um tanto conservadora em relação à política universitária, tímida na relação com à direção da EACH e ainda que tivesse dificuldades para gerir certos conflitos internos entre os docentes. Portanto, antes de um projeto pessoal, nossa candidatura surgiu da inexistência de alguém que pudesse unir o grupo de docentes de GPP. Quando falamos em inexistência de uma pessoa, também nos incluímos, visto que nossa candidatura conta com apoio de cerca da metade dos docentes. Eis o dilema que nos encontramos todos nós. Creio que um erro de avaliação de ambos os lados foi o de acharmos que uma das chapas obteria facilmente a maioria entre os docentes.
Há sim um diferença política entre aqueles que compõem as chapas. No entanto, se a outra chapa assumiu que estar aberta à colaboração como nós, porque não cooperamos em vez de competir? E se fundirmos as chapas, com os quatro candidatos trabalhando à frente do curso, não teríamos assim uma gestão fortalecida com a confiança e apoio de ambos os lados que nos afiançam? Não acabariam assim os desconfortos e as divisões que esta eleição está gerando? Não será essa a melhor solução nesse momento de questionamento da COC, onde até o próprio resultado da eleição tende a não ter institucional?
Antes propormos isso a outra chapa, a grande dúvida que tínhamos era se a busca pela coordenação feita pela outra chapa era motivada primordialmente pela melhoria do curso ou se tratava de um projeto pessoal. Não tenho nada contra o professor Fernando, pessoa que admiro pelo seu empenho e dedicação àquilo que faz. Mas pelo fato por trabalharmos em áreas diferentes e termos pouco contato no curso, essa dúvida não estava clara. Em nenhum momento havíamos conversado diretamente sobre o assunto.
Na tarde de quinta-feira, procurei-o pessoalmente para conversar. Fiquei satisfeito ao ouvir sobre sua independência frente à direção da EACH, sua preocupação com um possível racha no curso e sua disposição em trabalhar em conjunto conosco na forma de rodízio. No entanto, não obtive resposta definitiva, pois tal acordo só seria possível com a anuência de sua vice, a professora Cecília.
Como professor Edu e eu, ao lançarmos nossa candidatura, decidimos dar máxima transparência a nossas ações e, em respeito aos que nos apoiam e a toda comunidade de GPP, decidirmos tornar pública nossa proposta. Cremos que a união das chapas somente poderá gerar desdobramentos positivos. Esperamos que isso também contribua para engajar nossos colegas no fortalecimento de nossa COC ampliada e, mais do que isso, em sua refundação, em meio a esse momento difícil que o curso experimenta.
Destaco a proposta de unificação foi feita de forma completamente independente das manifestações de apoio do professor Vaz - com quem queria, mas não pude conversar antes do envio de sua mensagem à lista - e do professor Zé Renato, que ficou sabendo da proposta que fizemos pelo próprio Fernando. Em todo caso, a mensagem do professor Vaz aponta para algo que queremos evitar, que interesses mesquinhos que arrisquem gerar maiores antagonismos e desagregação no corpo docente.
Portando, tornamos aqui público o convite feito à outra chapa para nos voltarmos aos interesses do curso, muito mais importantes que nossos interesses individuais. Já que ambas as chapas a essa altura se comprometeram por um lado, a ter uma *ação política democrática, aberta e colaborativa*, e por outro, a agir com independência e autonomia frente à direção da EACH, tão logo estejamos juntos, as nuvens de dúvidas e desconfianças tendem a ser desfeitas.
Abraços e uma boa semana a todos!
Jorge Machado
USP - Universidade de São Paulo / Escola de Artes, Ciencias e Humanidades / Gestão de Polítcas Públicas Conheça a pagina oficial do curso em http://each.uspnet.usp.br/gpp/
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