Do blog do Vaz http://vaz.blog.br/blog/?p=917
Prezados e prezadas estudantes de GPP,
Escrevo esta mensagem para deixar claro meu posicionamento com relação à eleição para coordenador neste ano. Perdoem-me se ficou um pouco longa. Em alguns lugares, mantive praticamente o mesmo texto de carta encaminhada aos docentes.
Primeiramente, quero registrar que temos duas chapas com docentes que merecem nossa consideração, seriamente dedicados às suas responsabilidades na universidade e em nosso curso. Teremos, qualquer que seja o desfecho, uma dupla de coordenação capaz de, a um modo ou a outro, fazer um bom trabalho à frente do curso.
Devo dizer que muito me preocupa a situação em que nos vemos, por conta da recente decisão de não formalizar a CoC. Todos sabem que posicionei-me contra tomar essa decisão, pois nos levou a criar um problema onde não havia, porque não se colocava nenhuma restrição ao nosso modus operandi, desde que amparado em um arcabouço formal, sempre necessário quando se trata de uma organização pública, que só pode operar dentro de normas legitimamente constituídas.
O desenrolar dos fatos já nos coloca em uma situação esdrúxula: estamos organizando uma eleição para coordenação do curso que não é reconhecida pela direção e CG. Não sabemos ainda quais serão as consequências, inclusive, sobre a real possibilidade dos vencedores assumirem a função. Creio que as duas chapas candidatas têm, aqui, sua primeira prova de liderança, na manifestação clara de suas posições e na iniciativa para construir alternativas sem desrespeitar a CoC e o coletivo. A omissão, aqui, é o pior dos mundos.
Mas, mesmo sob o risco de ser uma eleição estéril, acho excelente o processo eleitoral, por permitir que o debate surja. O consenso é bom, mas o dissenso é edificante. E é instrumento para que aperfeiçoemos nosso curso.
Ao longo destes cinco anos, o Prof. José Renato, como coordenador, procurou manter um ambiente de colaboração, trabalho conjunto e respeito à pluralidade de opiniões. Esse trabalho nem sempre agradou a todos, e não foi compreendido por alguns. Com todo respeito a estes, devo afirmar que tenho muito orgulho de ter colaborado meu pouquinho com a gestão do Prof. José Renato, e agradeço a ele, e aos estudantes pela ajuda e compreensão que tive ao longo destes cinco anos.
Nesta eleição, decidi apoiar a chapa encabeçada pelo Prof. Jorge, por considerá-la a melhor opção para manter as práticas de coordenação que considero satisfatórias e melhorar as nossas deficiências. Isto não significa nenhum demérito aos colegas da outra chapa, cuja seriedade e competência reconheço.
Além da afinidade pessoal com o Prof. Jorge e o Prof. Eduardo, creio que compartilhamos, também, uma grande afinidade em termos de visão de mundo, de posicionamento político (ainda que não em termos partidários) e, o mais importante, de visão da Universidade e de seu papel transformador na sociedade. Se a USP não fomenta e democracia e não ajuda a reduzir a desigualdade em nosso país, estamos falhando gravemente. A USP não pode limitar-se a ser espaço de reprodução social para uma elite das classes médias e altas, nem ser um espaço de reprodução do pensamento dominante. Precisa cada vez mais incluir os excluídos por nossa história, oferecer análises críticas e alternativas para contribuir a democratização efetiva de nossa sociedade. Os dois colegas compartilham esse compromisso.
Ao longo destes 5 anos, o Prof. Jorge e o Prof. Eduardo sempre procuraram apoiar as iniciativas da CoC e da coordenação do curso, assumindo uma postura firme e colaborativa. Neste momento eleitoral, em nenhum momento apelaram ao discurso fácil da crítica à coordenação atual, nem apodaram-na de inoperante, irresponsável ou coisas do gênero. Têm apontado as necessidades de melhoria do curso a partir do entendimento de que essas serão fruto do diálogo e do trabalho coletivo.
Nessa perspectiva, o Prof. Jorge e o Prof. Eduardo têm valorizado a dimensão política das decisões e encaminhamentos exigidos pela gestão do curso: “A Coordenação de Curso é importante do ponto de vista gerencial, do ponto de vista administrativo, do ponto de vista gestor; mas é infinitamente mais importante do ponto de vista da representação.” Esse papel de representante e liderança do curso tem que se apoiar em processos de discussão coletiva e na prática cotidiana do diálogo.
Isso não representa a negativa à tarefa de construir uma institucionalidade sólida para a gestão do curso, mas significa entender que as instituições não são abstratos universais sem contexto. Elas não existem à parte dos processos politicos que as cercam. Em nosso curso, isto exige uma abertura para a diversidade, para o pensar coletivamente e para a divergência que o Prof. Jorge sempre demonstrou, desde que instituímos nossa CoC ampliada.
Sempre admirei esta maturidade do colega que, mesmo nos momentos em que divergimos, zelou para que a discordância se fizesse respeitosamente, e jamais descambou para acusações ou críticas pessoais. Aprecio muito essa sua capacidade de ser firme em suas posições, mas sempre em busca de construir soluções de consenso ou que contemplem pontos de vista distintos. Esse é um papel de liderança madura e consistente que espero ver em quem nos represente.
Entendo que o Prof. Jorge possa assumir essa liderança, sem cair na burocracia ou no democratismo, e sem fazer média com colegas ou com os alunos. O papel da coordenação do curso não é participar de eventos sociais, confraternizar ou ser despachante das demandas de docentes e alunos. Também não é papel da coordenação intervir na política estudantil, nem alimentar discussões públicas com os estudantes com quem tenha menos afinidade política ou pessoal. O papel principal da coordenação é zelar pela qualidade do curso, ainda que isso exija, muitas vezes, dizer “não”, negociar ou lidar com diferentes posicionamentos.
Queria destacar, também, a dedicação do Prof. Jorge e do Prof. Eduardo às atividades de pesquisa. Além de docents qualificados, com amplo domínio de suas áreas, são grandes pesquisadores. Neste campo, suas trajetórias são exemplares, pela densidade e consistência dos trabalhos de pesquisa realizados, articulando grupos de pesquisa, publicando e estimulando os estudantes a envolverem-se com o trabalho científico.
Outro ponto que valorizo muito no trabalho de ambos é seu comprometimento com as atividades de extensão. Neste quesito, estão entre os mais envolvidos dos docentes de nosso curso. Vejam-se a valorosa iniciativa da Reserva Cultural, criada pelo Prof. Jorge, e o trabalho do Prof. Eduardo junto ao CEEPS, em Suzano, em que estimulou, articulou e orientou, mas deixou o papel de protagonista para os estudantes da EACH, que hoje assumiram a direção de uma entidade e executam convênios com órgãos públicos.
Por esses motivos, declaro meu apoio à chapa do Prof. Jorge e do Prof. Eduardo. Tenho certeza que são a melhor opção para coordenar nosso curso, dentro dos marcos da democracia e do compromisso com a mudança social.
Obrigado.
Prof. José Carlos Vaz
Um comentário:
NÓS SOMOS GPP
Estamos vivendo um momento de suma relevância para o futuro do Curso de Gestão de Políticas Públicas da Escola de Artes Ciências e Humanidades/USP. Neste momento de renovação alguns aspectos devem ser considerados.
Em relação aos professores concorrentes ao pleito eleitoral, parabenizo-os por fazer parte desta disputa tão importante para todos os envolvidos com o curso de GPP, porém, não me sinto a vontade para uma inflexão diante do assunto; reservando-me apenas a fazer elogios.
O comprometimento tem sido fator peremptório para a otimização de qualquer atividade ou trabalho que venha a ser desenvolvido pelo ser humano. Neste aspecto, em alguns momentos faltou empenho a alguns discentes que fazem parte da grade do curso de GPP quando no cumprimento de suas missões: faltas injustificáveis, demora em lançar notas no sistema eletrônico, aulas improdutivas, ojeriza com alunos, distanciamento do profissional em relação aos alunos, e assim por diante. Tenho certeza que tais “atributos” já foram expostos nas avaliações aplicadas pela Universidade ou pelos descontentamentos que se tornaram públicos por diversos meios.
Por tudo isso, acredito que o Professor Fernando Coelho e sua suplente, que mesmo estando há menos tempo que os demais discentes a frente do curso de GPP, já demonstraram ao longo dos anos enorme capacidade de trabalho, comprometimento, organização e profissionalismo. Acredito também, que serão capazes de dar maior visibilidade ao curso e ampliar a exposição deste no mercado de trabalho.
Parabéns ao professor Zé Renato pelo seu trabalho como líder do grupo por todos esses anos. Tarefa das mais difíceis por ser um curso novo, em campus novo, em uma região com grande potencialidade social, cultural, econômico e político, más, extremamente marginalizada. Com certeza deixou um caminho a ser trilhado, ainda que cheio de meandros, más com uma direção a ser seguida.
ADILSON DE OLIVEIRA GONÇALVES
GPP noturno
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