sábado, 19 de março de 2011

Desistência de alunos bate recorde na USP

Nos últimos sete vestibulares, o número de estudantes aprovados em primeira chamada que desistiram de cursar a Universidade de São Paulo (USP), a maior do País, cresceu mais de seis pontos porcentuais e atingiu 1.742 calouros dos 10.652 aprovados neste ano, ou 16,35% do total, número recorde.

Universidade pública que lidera a produção científica no Brasil, a USP também foi afetada pela expansão de vagas no ensino superior público em São Paulo nos últimos anos - além da própria USP, as públicas Unifesp, Unesp e Unicamp ampliaram o número de vagas oferecidas. Outro fator que ajuda a explicar as desistências é o programa federal de financiamento estudantil (Fies), que dá crédito a juros baixos a quem deseja fazer um curso superior pago.Em 2005, o número de desistentes após a primeira chamada não chegava a 10% - ficou em 9,9%, ou 956 calouros dos 9.567 aprovados. Aquele ano foi marcado pela criação do Programa Universidade Para Todos (ProUni), que concede bolsas de estudo a estudantes em instituições particulares de ensino superior, e pelo início do funcionamento da USP Leste, extensão do câmpus da capital que abriga cursos de graduação com novas propostas e baixa procura - o que fez a USP dar sinais de revisão no funcionamento deles.
Com o aumento de desistentes, cresceu o número de convocados a chamadas posteriores. No vestibular 2011, a segunda chamada da USP teve 2.562 candidatos convocados, outro recorde. Ontem, a USP realizou a matrícula dos candidatos aprovados em terceira chamada, cuja lista de convocados teve 1.113 vestibulandos.
Os números e os porcentuais da desistência na universidade foram divulgados na sexta-feira pela Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), órgão executor dos vestibulares da USP. Diretora-executiva da Fuvest, Maria Thereza Fraga Rocco disse que a fundação não comentaria os números. “Isso cabe apenas à USP.”
Procurada pela reportagem, a pró-reitora de graduação da USP, Telma Zorn, não havia respondido até as 23h de sexta-feira às questões enviadas por e-mail a ela, à noite.
Além do aumento de desistentes, a USP convive nos últimos anos com uma queda significativa no número de inscritos na Fuvest, que foi de 170 mil no vestibular 2006 para 133 mil no de 2011.
“É outro indicador importante porque não é só na hora da matrícula que você vê se o aluno está tendo preferência por outra instituição. Muitos alunos, principalmente na rede pública, nem sabem que a USP é gratuita”, diz Rubens Barbosa de Camargo, professor da Faculdade de Educação da USP. “Esse aumento de desistentes tem a ver com políticas adotada recentemente, como o ProUni. Mas, a rigor, é preciso fazer uma pesquisa para saber por que os estudantes preferem outra instituição. Isso ocorria, mas não nessa intensidade”, afirma.

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