O Mal-Entendido da Democracia Liberal e o Lugar das Idéias de Sérgio Buarque de Holanda
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Gestão de Politicas Públicas EACH/USP
5º semestre noturno
"A democracia no Brasil foi sempre um lamentável mal-entendido. Uma aristocracia rural e semifeudal importou-a e tratou de acomodá-la onde fosse possível, aos seus direitos ou privilégios, os mesmos privilégios que tinham sido, no Velho Mundo, o alvo da luta da burguesia contra os aristocratas. E assim puderam incorporar à situação tradicional, ao menos fachada ou decoração externa, alguns lemas que pareciam os mais acertados para a época e eram exaltados nos livros e discursos."
Podemos tomar esse trecho do capítulo VI de Raízes do Brasil, "Novos tempos", como o clímax da longa exposição que Sérgio Buarque de Holanda enceta desde o capítulo anterior, e pelo seguinte, sobre uma incompatibilidade intrínseca entre uma ordem democrática liberal e a estrutura intima da sociedade brasileira. No capítulo V, "O homem cordial", S.B. de Holanda inicia com uma ponderação sobre o equivoco de qualquer concepção orgânica do Estado, em que este, desenvolvendo-se da estrutura básica da família, se conformaria por uma progressiva espiritualização das relações sociais. Ao contrário, a conformação do Estado representaria a decisiva ruptura entre duas realidades opostas: a ordem doméstica, particular, e uma nova ordem pública, geral, que a suplantaria. Porém, tal ruptura também não seria abrupta, mas se daria por sucessivas e mais profundas crises. A conclusão seria que, numa sociedade ainda fortemente arraigada a valores tradicionais familiares, a conformação de uma ordem social regida por normas gerais encontraria fortes restrições[1]. Continua, demonstrando que isso seria justamente o que sucederia no Brasil. A formação semifeudal dos membros das elites, teria suscitado um tipo característico de personalidade, pouco habilitada para as exigências de uma vida pública verdadeiramente moderna. No período do Império, se teria esboçado alguns primeiros exemplos de homens públicos, educados em afastamento do núcleo familiar tradicional[2]. Mas mesmo isso não seria suficiente, pois os padrões de convivência familiar "sempre forneceram o modelo obrigatório de qualquer composição social entre nós" (HOLANDA, 1986. pág. 106). O caráter resultante no brasileiro, seria o do tipo cordial, guiado majoritariamente pelo coração, pelas necessidades da emoção, e não da razão, pouco afeito a disciplina muito restrita e a hierarquias definidas e rígidas.
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