domingo, 8 de maio de 2011

Durkheim, Marx e Weber

Indivíduo e sociedade
Autores Clássicos e suas principais preocupações. As interpretações de Durkheim, Weber e Marx sobre a SOCIEDADE MODERNA.

Quem predomina? O indivíduo ou a sociedade? Sociologia x individualismo

a) Indivíduo x Sociedade (quem predomina?)

Por que todos nós estudamos, procuramos uma profissão, queremos ter um carro e uma casa, nos casamos? Enfim, por que temos uma trajetória de vida mais ou menos definida?
A sociedade molda o indivíduo: não somos totalmente livres – nossos pensamentos e ações são moldados socialmente. Somos muito menos livres do que pensamos ser. Sofremos a pressão do social. Somos condicionados e influenciados pelo meio. 


O individualismo – valorização do indivíduo como ser racional, livre e autônomo para escolher – é uma concepção histórica. O individualismo ganha força na era moderna, ao valorizar o indivíduo contra os poderes dos reis, dos nobres e do clero. A burguesia desenvolve essa concepção de indivíduo e a utiliza em suas teorias econômicas sobre a sociedade – uma sociedade em que indivíduos livre e racionais escolhem vender e comprar trabalho e mercadorias. A sociologia se opõe a essa concepção, ao mostrar que não somos tão livres: agimos (e pensamos) influenciados por forças sociais.

Ninguém é um Robinson Crusoé, vivendo isolado em uma ilha deserta. Nossa subjetividade é socialmente construída ao nos relacionarmos com a sociedade e com os outros.

Mas isso não significa que não possuímos uma certa liberdade.
Pense, por exemplo, nos desviantes. O desviante é aquele que quebra uma regra social, aquele que foge à regra. O comportamento desviante, geralmente, é punido (sofre sanções) pela sociedade. Essa punição pode ser uma simples reprovação social (como no caso das mães solteiras há 40 anos atrás: escolher ser mãe solteira era um comportamento desviante (fugia à regra), que era punido por comentários e olhares de reprovação); mas pode também, em casos extremos em quer o desvio é grave e considerado crime, ser punido de forma mais severa (prisão, por exemplo). O desviante pode, por outro lado, ser um inovador, transformando os padrões de comportamento da sociedade.

O indivíduo é capaz de mudar a sociedade com seus atos? Até que ponto o indivíduo é livre?
Depende do tipo de sociedade, dos recursos de que o indivíduo dispõe, da posição que ele ocupa na estrutura social (na nossa sociedade, o diretor de uma empresa multinacional possui mais recursos de poder (dinheiro e contatos políticos) do que o diretor de uma grande escola para interferir nos rumos do governo de sua cidade).

b) Comunidade x Sociedade
A pressão do social tende a ser maior em pequenas comunidades (cidadezinhas de interior, pequenas comunidades religiosas, tribos indígenas) do que em sociedades numericamente maiores e com maior divisão do trabalho (mais funções, mais opções para o indivíduo se expressar).

Como o indivíduo é moldado pela sociedade? Como a sociedade passa seus valores e regras para o indivíduo?

Continuação...

c) Processo de socialização, instituições sociais e papéis sociais
A socialização é o processo pelo qual o indivíduo incorpora as regras, os valores e a cultura da sociedade.
A socialização se dá através das instituições sociais: família, escola, igreja/religião, grupos sociais, trabalho, meios de comunicação, etc.
As instituições sociais são padrões de comportamento perduráveis e consagrados pela sociedade.
As instituições definem papéis para os indivíduos.
Desempenhando papéis, nos relacionamos com os outros.
O individualismo exagerado dificulta a convivência social (o nosso relacionamento com os outros) e a consciência do coletivo.

A sociologia nos ajuda a tornarmo-nos conscientes das forças que podem estar nos limitando enquanto indivíduos sociais.

d) A visão dos clássicos sobre a relação indivíduo e sociedade:

Emile Durkheim: o social prevalece. A consciência coletiva se impõe sobre os indivíduos, moldando-os.
Marx: a estrutura econômica da sociedade prevalece. As classes sociais são definidas por essa estrutura, e as classes sociais é que fazem a história.
Weber: a ação social dos indivíduos prevalece. A sociedade é constituída pelas ações dos indivíduos.

 Émile Durkheim (1858-1917):

a) A SOCIEDADE PREDOMINA, moldando, condicionando, padronizando os indivíduos.
O comportamento dos indivíduos é determinado pelas estruturas sociais. Nas palavras de Durkheim: "é o todo que faz a parte"
A sociedade tem características próprias, propriedades diferentes das partes que a compõem, constituindo uma realidade específica:
"A sociedade não é uma simples soma de indivíduos"
"O todo não é idêntico à soma das partes"
Consciência Coletiva: "conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade [que] forma um sistema determinado que tem vida própria".
b) A sociologia estuda FATOS SOCIAIS
Para Durkheim, os fatos sociais devem ser tratados como coisas.
Os fatos sociais são:
Exteriores: existem fora dos indivíduos. 
Coercitivos: exercem força, pressão sobre os indivíduos.
Gerais: encontram-se "espalhados" pela sociedade.
"é fato social toda maneira de agir, fixa ou não, capaz de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou ainda, que é geral na extensão de uma dada sociedade, apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter"
Os fatos sociais cumprem uma função. O fato social corresponde a uma necessidade para a manutenção da harmonia social.
Fato social normal (mais freqüentes e vantajosos) x fato social patológico (aquele que é exceção, que foge à média)
Para Durkheim, o crime é normal por existir em toda e qualquer sociedade. Ele é considerado patológico quando foge à média (quando é estatisticamente alto)
a) Formas de integração/solidariedade social

Sociedades simples/tradicionais:Forte semelhança entre os indivíduos, A SOLIDARIEDADE MECÂNICA une os indivíduos, Predomina a consciência coletiva do grupo sobre o indivíduo.

Sociedades complexas/modernas:Os indivíduos se diferenciam por suas funções (maior divisão social do trabalho), A SOLIDARIEDADE ORGÂNICA une os indivíduos, maior espaço para a individualidade.

Com a modernidade, a sociedade passa por um processo de evolução caracterizado pela diferenciação/especialização das funções sociais. A consciência coletiva enfraquece e a divisão do trabalho social é que passa a gerar integração, ao criar dependência entre os indivíduos. 
O individualismo nas sociedades modernas dá mais autonomia e liberdade para as pessoas, mas se exagerado produz EGOÍSMO e ANOMIA. Enquanto o individualismo moral valoriza o indivíduo positivamente, o individualismo exagerado (egoísmo) é negativo para a sociedade, pois o indivíduo passa a seguir somente suas próprias regras e a só se importar consigo mesmo, não se importando com a sociedade e com os outros indivíduos. Nas palavras de Durkheim:
"Mas a sociedade não pode se desintegrar sem que, na mesma proporção, o indivíduo se isole da vida social, sem que os seus fins próprios se tornem preponderantes em relação aos fins comuns, em suma, sem que sua personalidade tenda a sobrepor-se à personalidade coletiva. Quanto mais estão enfraquecidos os grupos aos quais pertence, menos dependerá deles e tanto mais, por conseguinte, dependerá exclusivamente dele e passará a reconhecer unicamente as regras de comportamento que se baseiam em seus interesses particulares. Se conviermos, portanto, em chamar "egoísmo" a esse estado em que o eu individual se sobrepõe exageradamente ao eu social e o prejudica, poderemos dar o nome de egoísta ao tipo particular de suicídio que resulta de uma individuação excessiva."

Assim, o problema das sociedades modernas para Durkheim é de ordem moral. A divisão do trabalho social tem uma função moral: integrar.
Para Durkheim, as instituições sociais cumprem uma função para o bom funcionamento da sociedade. Elas são a materialização de valores morais.

b) ANOMIA: desintegração ou ausência das normas, regras e valores morais. Esse estado de falta de regras e valores deixa as paixões e ambições humanas sem limites. A conseqüência é um estado de confusão, competição e conflito gerais em que cada indivíduo segue suas próprias regras e interesses por não reconhecer regras ou valores comuns. Ou ainda um estado de desorientação geral, já que ninguém sabe por quais valores se orientar na vida. 

Durkheim propõe o culto/valorização do indivíduo (individualismo moral), a educação moral e cívica e o corporativismo estatal como formas de fortalecer os laços entre os indivíduos (através do conhecimento sociológico, que instauraria valores morais).

c) O suicídio também pode possuir causas sociais (relação suicídio e integração social)
Tipos de suicídio: 
egoísta (o indivíduo se isola, os laços sociais que o ligam aos grupos se desfazem, ele se mata por não se sentir parte de grupo algum); 
anômico (o indivíduo não consegue satisfazer seus desejos ilimitados pela falta de regras, ou se sente desorientado por não saber que valores seguir); 
altruísta (o indivíduo dá a vida por uma causa ou um ideal)

 Karl Marx (1818-1883)
 "até hoje os filósofos se contentaram em contemplar a realidade, mas o que importa é transformá-la".
"Tudo o que era estável e sólido desmancha no ar"

Antecedentes: 
A Revolução Industrial e a péssima situação dos trabalhadores.
Os trabalhadores começam a se organizar e a lutar por melhores condições.
Surgem o ludismo, os socialismos e os anarquismos.

Preocupações de Marx:
Emancipação do proletariado da EXPLORAÇÃO e ALIENAÇÃO capitalistas.
Superação do capitalismo pelo comunismo.

a) As CLASSES SOCIAIS são os sujeitos da história 
A LUTA DE CLASSES é o motor da história (na sociedade capitalista, essa luta opõe burgueses x proletariado(os que têm a propriedade dos meios de produção versus os que nada possuem)

b) Crítica radical da sociedade burguesa.
Crítica à igualdade formal / legal (e aos direitos do homem): a liberdade e a igualdade jurídica e política não bastam sem a emancipação econômica e social.
Crítica à economia política e suas supostas "leis naturais"
Crítica ao modo de produção capitalista (é histórico e superável: não é natural e eterno, não é um dado da natureza)
Acumulação primitiva = capitalismo comercial = violência, pilhagem, roubo, exploração colonial, escravidão, usura, legislação punitiva e rebaixamento dos salários. 
No capitalismo, o trabalho e o trabalhador se tornam mercadorias. Tudo se torna mercadoria, podendo ser trocado e medido por dinheiro.
O trabalho cria valor. Logo são os trabalhadores que geram riqueza. 
Exploração capitalista = extração da mais-valia pela classe capitalista
(mais-valia é o nome que Marx dá ao trabalho que o capitalista não paga ao trabalhador quando este gera riqueza ao produzir mercadorias).
A acumulação é o motor do capitalismo (D – D', ou seja, dinheiro que vira uma quantia maior de dinheiro). A busca do lucro, e não a satisfação de necessidades, é que move o capitalismo.

O trabalho no capitalismo é TRABALHO ALIENADO. 
(alienação = separação/estranhamento):
O trabalhador aliena o produto do seu trabalho
O trabalhador está alienado em relação ao seu trabalho (o ato de trabalhar)
O homem se encontra alienado dos outros homens, seus semelhantes.

Fetichismo da mercadoria = reificação/coisificação das relações sociais (os homens se relacionam através de coisas/objetos, e os objetos parecem se relacionar e possuir as características dos seres humanos)

c) A dominação no capitalismo é econômica, política e ideológica
O PROLETARIADO é o novo sujeito da história (antes foi a classe burguesa)
Estado = instrumento de domínio de uma classe sobre a outra (é um comitê da burguesia). Não representa os interesses gerais ou o bem comum.
IDEOLOGIA = visão de mundo das classes dominantes que mascara a dominação. Falsa consciência. Conjunto de representações da realidade que servem para legitimar e consolidar o poder das classes dominantes.

d) Superação do Klismo = CRISE DE SUPERPRODUÇÃO E REVOLUÇÃO (derrubada do poder pelo proletariado em armas) 
Ditadura do proletariado = socialismo (período de transição) 
Comunismo = abolição das classes, da propriedade burguesa e do Estado

e) Repercussões no século XX:
Revolução Russa de 1917, Revolução Chinesa (1949) e Revolução Cubana (1959).
Capitalismo x "Socialismo" real
O "socialismo" real
Reformismo, lutas e direitos trabalhistas e o Estado de bem-estar social
Os marxismos e a crítica ao capitalismo.




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