domingo, 14 de fevereiro de 2010

USP Leste tenta se reinventar

Uma solução para os formandos da USP Leste

reportagem veiculada no Jornal da Tarde do dia 21/04/2010

http://txt.jt.com.br/editorias/2010/04/21/opi-1.94.8.20100421.1.1.xml


A ideia que inspirou a criação da USP Leste parecia, quando expressa antes do funcionamento da instituição, original e inovadora: oferecer a jovens pobres cursos interdisciplinares destinados a torná-los aptos a exercer profissões novas, possíveis por conta dos avanços tecnológicos. Mas, na prática, tudo indica que a teoria é outra. Apesar de pertencer a uma das universidades mais competentes, acreditadas e procuradas do País, ela tem expedido diplomas que não são reconhecidos por conselhos profissionais e sociedades científicas. E, não havendo vagas na iniciativa privada e no setor público para profissionais formados em cursos tidos como de vanguarda, estes têm enfrentado sérios problemas de colocação no mercado de trabalho por se terem formado em áreas que pareciam originalmente promissoras, mas, na realidade, não oferecem as oportunidades almejadas.

Ilustram isso os cursos de Obstetrícia e Gerontologia. A boa intenção dos criadores do primeiro era formar especialistas para “cuidar da saúde de gestantes, parturientes, puérperas, recém-nascidos e familiares”. Como se sabe, nascem muitas crianças todos os dias e a oferta de trabalho, aparentemente, seria generosa. No entanto, os Conselhos de Medicina e Enfermagem não reconhecem os diplomas expedidos pela USP Leste e seus formandos ficam ao deus-dará. O mesmo ocorre com os concluintes do curso destinado a formar profissionais capazes de gerenciar políticas públicas e qualidade de vida na terceira idade. Trata-se de um tema da moda. Ainda assim, os diplomados pela tradicional instituição em seu câmpus da zona leste de São Paulo não são autorizados a exercer a nova profissão, seja pelo Conselho Regional de Enfermagem, seja pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

O problema desses formandos tem origem no entusiasmo dos idealizadores da USP Leste por inovações pontuais produzidas nos currículos das universidades federais na primeira gestão do governo federal petista de Luiz Inácio Lula da Silva. Inspirados em modismos pedagógicos, estratégias de marketing e interesse de utilização política da gestão pública, os cursos técnicos em sistemas de informação, gestão ambiental, políticas públicas, obstetrícia e gerontologia, pensados para agilizar e facilitar o ingresso no mercado de trabalho dos jovens das comunidades pobres da área, trombam com as burocracias corporativas responsáveis pelo licenciamento dos diplomados. Fundada a toda pressa pelo então governador tucano Geraldo Alckmin para servir de bandeira na eleição de 2006, a instituição ajuda a democratizar o acesso da juventude carente ao ensino superior público, levando a USP a uma área carente. Mas as dificuldades práticas que os formandos enfrentam para obter registro profissional e trabalhar regularmente podem ser o sinal de que certos estão os docentes que reivindicam mudança de orientação na rotina pedagógica do câmpus da periferia. É difícil negar-lhes razão.


=====FIM===================



Aos 5 anos, universidade quer ampliar cursos oferecidos e aumentar a divulgação para estudantes e empresas.


Após cinco anos de funcionamento e com as primeiras turmas formadas, o câmpus da zona leste da Universidade de São Paulo (USP), chamado também de Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), vai revisar e ampliar seus cursos, aumentando a divulgação para estudantes e empregadores. A ideia do novo diretor da unidade, Jorge Boueri, é reavaliar a proposta inicial de cada um dos cursos, o que inclui conteúdo, infraestrutura, empregabilidade e até mesmo o nome.

Criada para democratizar o acesso à USP e ampliar as relações da universidade com seu entorno, a unidade vive um paradoxo desde sua instalação. Ela inovou com sucesso nas propostas pedagógicas, inspirando outras novas instituições públicas, e apresenta baixo índice de evasão. No entanto, ainda tem procura relativamente baixa de candidatos, seus cursos são desconhecidos por boa parte da população e há uma dificuldade em inserir os formados em algumas áreas no mercado.

continua...

Matéria do Estadão de hoje:
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100214/not_imp511080,0.php

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