domingo, 27 de março de 2011

Durkheim: Suicídio é um fato social?

Porque o suicídio pode ser estudado como fato social? E porque os fatos sociais devem ser considerados como “coisas”?

Acho que do que li até agora posso dizer que Durkheim entende o suicídio como fato social por causa de sua regularidade social.

Em princípio, ele descarta o suicídio como conseguência direta de patologias psicológicas ou se preferir doenças mentais, embora reconheça a propenção desses indivíduos ao suicício. Ele descarta então qualquer explicação que parta do indivíduo. Desta forma, os fatores explicativos do suicídio não se localizam no indivíduo, mas na sociedade, designando assim como fato social.
Durkheim classifica as formas de suicidio de acordo com as suas causas. Dessa forma, o suicidio por ser resultante tanto intensa integração do indivíduo na sociedade (suicidio altruista) como da falta de integração (suicidio egoista). Também pode ser da super regulamentação (suicidio fatalista) como da falta de regulamentação (suicídio anômico).
Fato social, para demonstrar com mais clareza essa relação, entre suicidio e fato social, definimos a noção de fato social. Uma de suas características essenciais, é que o fato social tem como substrato os homens em comunhão, em suma o social, ou se prefirir a sociedade. Ora, se, como está demonstrado por Durkheim, pelo menos pretensamente, a taxa de suicídio varia conforme modificações na ordem social, ou por causa delas, então, conforme conclui Dukheim, o suicidio tem como substrato a sociedade, e não, como se queria, o indivíduo. Dessa forma, o suicidio é um fato social ou da sociedade.

Durkheim, creio, não se interessava com as emoções dos indivíduos, se se sentiam bem ou mal (Durkheim mantinha-se no nível do comportamento efetivo, sua sociologia não aprofunda na dimensão do sentido da ação). São questões subjetivas, difíceis de serem controladas pela pesquisa científica.
Por outro lado, a partir do "suicídio", Durkheim pode afirmar que as sociedades modernas não necessariamente trazem mais felicidade, ou a maior felicidade de todos não pode ser considerado o objetivo dos homens quando esses desenvolvem a divisão do trabalho social. É uma questão interessante, por que não aprofundar para o seminário? Não é um problema também de inadequação do indivíduo à sociedade. Os super-ajustados, lembre-se, também cometem suicídio (vide suicídio altruísta e suicídio fatalista - categorias pouco desenvolvidas por Durkheim, carecendo de dados mais consistentes.


Anômico: Relativo a anomia, um estado de falta de objetivos e perda de identidade, provocado pelas intensas transformações ocorrentes no mundo social moderno.

Fonte:
DURKHEIM, E., "O Suicidio". Os Pensadores (S.Paulo: Abril Cultural, 1878) pp. 163-202.

Um comentário:

Igor Salmeron disse...

Ótimo texto!! O Suicídio não possui explicação no indivíduo e sim no social, ou seja, o meio em que o mesmo esteja inserido; sofre coerção, sendo que a justificação para tal ato encontra-se fora dele, isto é, exteriormente a pessoa que se suicida.

Igor Salmeron

Ainda há esperança. Que venham os futuros líderes deste país...

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