Resenha: Robert Dahl - Por que a democracia?,
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Teorias da Democracia e Instituições Políticas - Professor Dr.: Wagner Pralon.
Gabriela M. Terentim N° USP: 7554710
A importância da democracia.
O texto do Robert Dahl intitulado Por que a democracia?, tenta
convencer o leitor sobre a razão pela qual a democracia é a melhor opção
de regime para um país. O texto tem uma estrutura clara: inicia-se com
um tipo de fusão de introdução com metodologia e segue com o
desenvolvimento de argumentos que justificam a escolha pela democracia.
Argumentos estes que são norteados pela lista das dez conseqüências
desejáveis do regime democrático dadas pelo autor.
Para
justificar as vantagens da democracia, ora Dahl argumenta negando os
regimes tirânicos e mostrando os resultados negativos que eles obtiveram
(o exemplo utilizado na obra foi o governo de Joseph Stalin, na União
soviética e Adolph Hitler na Alemanha nazista, que resultaram em morte
de milhões de pessoas, guerra, torturas entre outras violações), ora
afirma a democracia utilizando dados que comprovam os seus resultados
positivos, como a tendência que países democráticos tem de optar pela
economia de mercado que gera desenvolvimento econômico para o país.
De uma forma geral, as vantagens da democracia giram em torno das
garantias de direitos que o regime proporciona, por isso que podemos
afirmar que o que fundamenta a democracia é a garantia de direitos para
todos os indivíduos nela contidos. E é no texto de Amartya Sem
intitulado A importância da democracia que se explica com profundidade a
razão pela qual a democracia é um regime baseado em direitos e qual a
implicância do exercício da democracia para um desenvolvimento com
liberdade.
O texto do Sen inicia-se colocando em cheque as
necessidades econômicas e as liberdades políticas. Ele mostra que
usualmente faz-se uma dicotomia dessas duas variáveis, onde muitos
acreditam que onde uma é prioridade outra deixa de ser importante. Sen
diz que não. Para entender a maneira como necessidades econômicas e
liberdades políticas (lembrando aqui que liberdades políticas têm como
premissa a dotação de direitos individuais – políticos, civis, sociais)
podem ocupar o mesmo espaço, deve-se entender as preeminências gerais
dos direitos civis e políticos. Dessa forma, ficará claro que no
exercício da democracia, no exercício do direito de participar dos
processos políticos, os cidadãos têm a oportunidade de chamar a atenção
eficazmente para necessidades de quaisquer ordens e exigir a ação do
governo. Fazer pressão no governo através de críticas, voto, protesto, é
o que Sem chama de papel instrumental da democracia. Também vemos o
papel construtivo da democracia, que encontramos na possibilidade de
diálogo, garantidas pelos direitos políticos, onde o resultado é tomada
de decisões que quaisquer ordens, inclusive econômica, mais refletidas e
fundamentadas.
Finalmente, Sen lembra que por mais
oportunidades que a democracia possa trazer, sem o exercício da
cidadania, sem a participação nas tomadas de decisões, a democracia não
será justa. Neste processo, a existência de partidos é crucial, a medida
que a oposição estará sempre cobrando respostas da situação e vice
versa.
Em suma, os dois textos complementam-se a medida que
salientam o papel fundamentador dos direitos numa democracia. Sem a
existência desses direitos a população ficaria a mercê das decisões
tirânicas que líderes não representativos tomassem. Sem as liberdades
individuais, sem o poder de exigir proteção do Estado, acirraria as
diferenças, as desigualdades. O pleno exercício da democracia, onde
cidadãos usufruem de seus direitos e cumprem os seus deveres, resulta
num desenvolvimento com garantia de liberdade, o que justifica o porque é
importante haver democracia.
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