quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Oportunidades em novas áreas atraem jovens no vestibular


De olho na escassez de talentos em segmentos como sustentabilidade, governança, engenharia e tecnologia, os jovens estão mais atentos às demandas do mercado e já pretendem seguir carreiras consideradas "profissões do futuro" pelos headhunters. Um exemplo dessa tendência é que gestão ambiental e administração pública lideram o ranking das graduações mais concorridas no vestibular das instituições federais em 2013, o Sisu (Sistema de Seleção Unificada). A procura maior por cursos novos demonstra também que o vestibulando está atento ao aquecimento do mercado no longo prazo.
"Os jovens têm mais acesso à informação atualmente e percebem que se fala muito de falta de mão de obra especializada em determinadas áreas como sustentabilidade, engenharia e computação. Eles têm procurado seguir uma carreira que, além de lhes trazer satisfação, seja promissora financeiramente", explica Leonardo Souza, diretor executivo da Michael Page.
A carreira de gestão pública no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília, foi a mais concorrida do Sisu em 2013, deixando medicina em segundo lugar. Já saneamento ambiental no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe ficou em sexto lugar, enquanto que gestão ambiental no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte ocupou a sétima posição.
Não foram apenas cursos recém-criados os mais cobiçados. Bacharelados tradicionais, que formam uma mão de obra hoje disputada nas empresas, voltaram à lista das carreiras mais concorridas nos últimos dois anos, desbancando cursos como administração, direito e publicidade na Universidade de São Paulo (USP) e na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Engenharia civil, inclusive, deixou a quinta posição da Fuvest em 2011 para ocupar o segundo lugar na relação candidato/vaga de 2013.
Segundo Souza, em instituições renomadas a procura por cursos "conservadores" continua alta, uma vez que eles ainda são os mais ofertados. "As opções de graduação não têm acompanhado a demanda do mercado", afirma. Para o consultor, a ampliação de cursos tecnológicos pode contribuir para suprir a carência de profissionais especializados em áreas pouco presentes nas universidades.
Sem interesse em concorrer aos cursos mais cobiçados por seus colegas de classe, como engenharia e medicina, a estudante Amanda Scott, de 18 anos, acaba de se juntar ao grupo de calouros da USP Leste na graduação em gestão pública. Inspirada na escolha de seu irmão, Renan, que está no segundo ano do curso,

Amanda quis ingressar nessa carreira porque viu uma oportunidade de unir seus interesses profissionais com as áreas que ela mais gosta: administração, sociologia e direito. "A grade curricular traz todas as disciplinas que eu gosto. Além disso, poderei ser mais útil à sociedade e fazer a diferença atuando na esfera pública", diz. O fato de o curso ter sido criado há poucos anos não assustou a vestibulanda. "Procurei me informar sobre a carreira e acredito que tenho várias oportunidades de trabalho. Depois de fazer carreira no setor público, pretendo virar professora universitária", planeja.
Amanda afirma que até já pesquisou vagas em concursos e encontrou alguns que exigiam formação em gestão pública e pagavam salários entre R$ 4 mil e mais de R$ 10 mil. A estudante, contudo, não descarta o setor empresarial, uma vez que seu irmão está participando de um programa de estágio em um banco privado.
"O governo está mais em evidência no radar dos jovens, tendo em vista o lançamento de projetos de alta complexidade, além da proximidade com eventos de grande repercussão como Copa e Olimpíadas. A gestão pública de um país que figura entre os seis maiores do mundo virou destaque na mídia", defende Raphael Falcão, gerente geral da Hays. A consultoria, inclusive, tem sido muito demandada por instituições públicas para o recrutamento de talentos. "Nossas filiais já fazem muito esse trabalho lá fora, por meio de parcerias público-privadas", diz.
Estudar o mercado antes de cursar uma faculdade é importante, ressalta Falcão. Entretanto, as chances de empregabilidade não devem ser as únicas variáveis a considerar nessa decisão. "Quem diria que um geólogo seria tão demandado hoje? Quem fez essa graduação há dez anos está sendo disputado atualmente por conta da expansão do setor de petróleo e gás no país", diz. É fundamental, desse modo, levar em conta que o mercado é bastante dinâmico e, portanto, mutável. Conciliar paixão e oportunidade sempre será a melhor alternativa.
Para Bruna Tokunaga Dias, gerente de orientação de carreira da Cia de Talentos, o jovem de hoje tem basicamente as mesmas preocupações que os estudantes de dez anos atrás. Empregabilidade, salário e estabilidade, por exemplo, são os principais valores que pesam na hora de escolher a profissão, principalmente em um cenário de recessão global. "É preciso levar em conta que o mercado muda e não é fácil prever quais serão os perfis que as empresas vão valorizar mais no longo prazo. O candidato não deve se ater a modismos."
Deixar as demandas de mercado de fora não foi uma escolha fácil para Eduardo Pinheiro Albi Anselmo, de 23 anos. Formado em direito, seguindo a tradição de sua família (pai, mãe e irmãos são advogados), ele prestou vestibular novamente e, desde março do ano passado, voltou a ser estudante. Desta vez, de publicidade, na ESPM-RS.
Para se dedicar aos estudos, ele recusou a efetivação em um escritório de advocacia, onde foi estagiário por dois anos. "Sou muito comunicativo, criativo e gosto de estar em contato com as pessoas. O direito podava um pouco a minha personalidade", explica. Anselmo ressalta que, embora tivesse emprego garantido, seria um profissional frustrado. "Não queria pensar o que teria sido da minha vida se eu tivesse feito tudo diferente", diz.
Embora admita que esteja tendo mais dificuldade em encontrar estágio em publicidade do que teve na época em que cursava direito, Anselmo acredita que fez a escolha certa. "O direito é muito conservador e não há espaço para quem pensa fora da caixa. Já na publicidade, só se da bem quem tem um diferencial", afirma.
Conciliar aptidão e empregabilidade, contudo, não é uma tarefa fácil. A analista de sistemas Ana Paula Lavieri, da Accenture, faz jornada dupla para não abandonar uma de suas maiores paixões, a dança. Após o expediente na companhia, ela dá aulas de balé em escolas particulares. Sua primeira graduação foi em educação física, área na qual chegou a fazer pós-graduação. A área de atuação, porém, se mostrou bastante restrita, o que contribuiu para que Ana apostasse numa segunda formação: ciências da computação.
O tema, contudo, não era novo para ela, que já havia cursado colegial técnico em análise de sistemas. "Pretendo construir carreira nesse segmento. Gosto muito do meu trabalho e já fui promovida cinco vezes desde que ingressei na empresa como estagiária", afirma. Ana Paula destaca que a computação é muito lógica e desafia a criatividade de uma forma diferente da dança. "Hoje não consigo imaginar minha vida sem as minhas duas profissões", garante.


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